quinta-feira, dezembro 30, 2004

Exactamente há um ano atrás

"Passei grande parte deste ano (que está mesmo, mesmo no fim) com grandes expectativas em relação a 2004. Delimitei objectivos, fiz projectos, desejei que muita coisa boa acontecesse para o ano que está para chegar. É um pouco ridículo, porque uma passagem de ano não quer dizer nada, mas seja o que for que me dá ânimo é bem vindo.
Não sei o que se apoderou de mim agora... Ou é o cansaço, ou é o cansaço... Estou cheia de medo. Medo de ser um ano igual aos outros todos, que nada de bom aconteça, ou pior.. que fique tudo igual.
O dia também correu mal. Ou o mês correu mal. Ou o ano correu mal. Pior não fica? Fica pois, eu sei bem disso.
"

Não resisti a espreitar os arquivos para ver as minhas expectativas para o ano que passou.
Não, menina ana carina, o ano não foi pior, nem igual ao anterior. Ficou aqui, marcado, a ferros, para não esquecer. Acho que também fiz por merecer. Apesar de todos os incidentes que aconteceram pelo caminho, o balanço foi extremamente positivo. Vou despedir-me deste ano com um sorriso nos lábios :)
E estou com um bichinho cá dentro que me sussurra que 2005 ainda vai ser melhor.

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Sexta feira estou de partida para Castelo Branco. A maior parte dos meus amigos já lá está, a preparar o corpinho para a festa (preparar é como quem diz cansar, na minha modesta opinião) e eu por cá fiquei sozinha.
Há muito tempo que não estava sozinha. E não tem sido nada desagradável. Ontem aproveitei a noite livre de cartadas e filmes para fazer uma saia. Que não me serve, por sinal (I'm a stupid, stupid little girl).
Hoje organizei as minhas lãs e comecei outro projecto. Amanhã vou fazer os doces para levar e procurar a roupa quentinha para o frio serrano.
Eu tenho outros amigos, até tenho. Mas até me apetece estar sozinha. Não tarda vou ao café, ler o jornal, comprar cigarros e depois venho para casa acabar o tal projecto.
Sexta feira estou de partida para Castelo Branco. Nunca mais é sexta feira.

domingo, dezembro 26, 2004

Knit, knit, knit

Este mês despertou em mim a febre do tricot. Como havia falta de dinheiro para os presentinhos, ocorreu-me tricotar uns acessórios para as Barbies da minha sobrinha, como um mini cachecol um mini gorro (com um mini pompom) e uma camisola (que saiu muito estranha, por sinal.. devia ter feito um poncho). Depois acabei por lhe fazer um vestido de noite com uns restos de veludo, fazenda lilás e tule do carnaval. Ficou bonito esse, mas um pouco imperfeito.
Acabei as roupinhas e fiquei com o bichinho. Tricotei um gorro verde meio aduendado (talvez pela cor e pelo pompom que pus em cima para disfarçar o facto de ainda n saber coser as peças como deve ser..), ao que se seguiram umas luvas daquelas só com o polegar, como as das crianças e quando dei por mim a febre estava instalada...
Tricotei presentinhos pequeninos para os meus amigos e pus-me doida na net à procura de novas ideias.
Eís que surge uma ideia. Em 2005, todos os meses, tenho que fazer uma peça para mim, mas só posso gastar, no máximo 5 euros. É um pouco complicado, porque as lãs lindas são caríssimas, mas eu tenho aqui muita lã em casa que precisa de ser reciclada.
Os primeiros projectos que quero fazer:
* Cachecol em ponto alongado
* Bolero, mas com as costas lisas, que eu não sei fazer aquele efeito da renda..
* Poncho, que me vai demorar semanas e custar bem mais que 5 euros...
* Malinha com uma lã bem grossa
* Saia igualinha a esta, mas preta com o tecido esverdungado, que comprei nos saldos do ano passado

E já tenho projectos para 5 meses ;) Em Junho acabo esta lista (lol), se tirarmos o mês de Janeiro, dado que vou estar ocupada a fazer os fatos de carnaval (este ano pensei numa ovelha negra e a amiga Theresa deu uma ideia para nós as duas que vai ser bem complicada de fazer...), talvez neste mês consiga fazer a malinha... É a coisa mais pequena desta lista.
Fui a uma retrosaria cá em Torres, minúscula (aquela em frente aos CTT, que nos obriga a descer umas escadas), comprar velcro e vi lá lãs maravilhosas... mas caríssimas :|
Em Janeiro temos os saldos, vou aproveitar a ida às casas de tecidos (um dos projectos que queria fazer era uma mala que está na minha cabeça à muito tempo, mas preciso de um tecido grosso para o fazer e um mais fininho, muito anos 50 para o forro e, já agora, um belo botão vintage para adornar) para passar pelas lãs e encher-me de material para começar.

Pena que a febre não me tenha dado quando não tinha nada para fazer...

quinta-feira, dezembro 23, 2004

2005

Vim parar aqui por acidente. A verdade é que o atrativo foi uma lista completamente diferente das renov.. real.. como se diz mesmo? Ah! Resoluções de Ano Novo!
Aconselho a lerem o texto da rapariga para perceberem melhor do que falo. Mas resumindo, trata-se de fazer uma lista de resoluções que não sejam entediantes ou que revelem a merda de vida que levamos. Como por exemplo, "este ano vou deixar de fumar" ou "este ano vou tirar a carta" ou mesmo "este ano vou ser mais paciente, mais simpática, mais calma e falar menos".

Falemos então da Mondo Beyondo list. Uma lista de coisas a fazer, que podem ter um período de concretização de 5 ou 10 anos. A ideia fascina-me. Mas preciso de dedicar algum tempo a pensar nas coisas maravilhosas que quero fazer no futuro.

Hoje fico-me pelas outras sugestões da Andrea.

Things I learned in 2004:

*Com esforço e sacrifício, tudo se consegue. Pelo menos acabar um curso superior.

*As pessoas não são, de todo, o que desejariamos que fossem, mas não faz mal.

*É muito importante ter amigos e saber mantê-los.

*Tratar bem os pais, irmã, cunhado e sobrinha, porque a família é tudo.

*Ouvir música logo pela manhã faz toda a diferença no resto do dia.

*Saber ouvir as críticas e ter muita paciência com as pessoas compensa.

*A vida a mim me pertence e só dou justificações do que faço dela se assim o desejar.

10 things I am grateful for:

1)Ter acabado o curso.

2)Ter feito o projecto final numa área que descobri que me apaixona.

3)Ter os pais que tenho.

4)Ter amigos com quem contar.

5)Não ter ficado doente este ano, exceptuando uma constipação danada e salmonelas (2003 neste aspecto foi o horror).

6)Ter tido um dos melhores Verões da minha vida.

7)O dinheiro ter chegado na maioria dos meses (este mês foi uma das raras excepções).

8)Ter tido muitas razões para sorrir, este ano.

9)Ter conseguido recuperar, quando não tinha muitas razões para sorrir.

10)Esta não conto :) (vide Things I learned in 2004)

10 things I intend to create in my life in 2005:

1) Aprender a fazer meias em tricot.

2) Aprender a fazer crochet.

3) Arranjar um emprego bestial.

4) Entregar o relatório de estágio com calma, paz e sangue frio.

5) Evitar conflitos.

6) Apaixonar-me todos os dias.

7) Aprender a lidar melhor com as emoções.

8) Arranjar amigos novos.

9) Tirar a carta de condução (não resisto).

10) Dar-me melhor com o meu pai e com a minha irmã.

We'll see about that.


#4

gosto de desafios. que me digam que não sou capaz. que me façam duvidar de mim própria para depois me redescobrir.

No one said it would be easy
Did anyone tell you the road would be straight and long
Relax your mind and give it all to me


Lamb - Trans Fatty Acid


terça-feira, dezembro 21, 2004

Inverno

Hoje, pelas 12h42, chegou o Inverno.
Para mim, o Inverno chegou quando o frio me obrigou a andar enchouriçada na rua com casacos, gorros e cachecóis... Não gosto de frio, como vocês sabem. Mas gosto deste dia de Solestício de Inverno porque é o dia mais curto do ano. O que significa que a partir de hoje, os dias começam a ficar maiores, com mais sol, com menos frio (eventualmente), a passar gradualmente, devagarinho para a Primavera :)

Um Feliz Solestício de Inverno para todos!


segunda-feira, dezembro 20, 2004

Lucidez árabe

Muito interessante...
Sigam o link do título.

P.S. Achei este blog engraçado, particularmente os comentários do "Picuinhas". Remeto a hipótese de adicionar este blog aos links à xoutora Ana Carina (aka betsy) ou a qualquer outra sombra que reconheça qualidade.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Aprendendo

"e no odor morno das ondas o perfume das inglesas obrigava-me a tossir o neto para quem não olho, não se cuide que por medo de me afeiçoar a ele e o meu filho tirar-mo visto que esse perigo não existe por não gostar de ninguém, por nunca ter gostado de ninguém, e eu
-Vou-me embora, Carlos, descansa que me vou embora e não te maço mais, só te peço que tomes conta dela, que não a trates mal, se surgir um problema ou precisares de dinheiro não hesites, telefona-me, e por não ser parvo nem masoquista não corro o risco de me afeiçoar, se me perguntarem o que não se deve fazer, seja qual for o preço, respondo logo
- Gostar dos outros que é a melhor receita para um mau bocado, eu graças a Deus salvei-me disso e sou feliz, e o Carlos com uma careta de troça
-Obrigadinho, Joaquim"

Lobo Antunes

a vida é uma...
Tenho um amigo que sabe sempre o que me dizer.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Impulsos

Às vezes, venho aqui, e apetece-me apagar o blog. Delete blog, há essa opção, sabiam? Não sei bem explicar porquê, mas é a mais pura das verdades.
Se calhar, se fosse há uns belos anos atrás, já o tinha apagado. Dantes tinha a mania de me livrar das coisas, como se as memórias estivessem ligadas a elas. Queimei muitas cartas, rasguei muitas fotografias, mas a dor ficou sempre lá. Só passou com o tempo.
Já não tenho 16 anos, mas às vezes ainda tenho desses impulsos. Cortar o cabelo, cortar relações, apagar mensagens, seja o que for. Parece que quando me quero livrar de algum sentimento, ainda tenho a tendência de me livrar de qualquer coisa. Uma espécie de ritual, talvez?
Isto não vem a propósito de nada. Apenas porque hoje me apeteceu apagar o blog sem razão alguma.

Estou a ficar algo neurótica com estes dias vazios de conteúdo. Hoje vou obrigar-me a ler, a passear, a respirar ar frio, tudo o que não envolva computador e televisão.
Pode ser que à noite chegue a casa e todos os impulsos estúpidos tenham passado.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Acho isto muito estranho.

#3

por mais que conquiste, nunca me sinto realmente satisfeita.

Pai Natal, seu traste

Bem, ainda não sei muito bem sobre o que escrever (é melhor não dizeres nada, pensam vocês). Mas ontem vinha para casa a pensar: “tenho que dizer alguma coisa sobre o Natal. Mas o quê? As prendas que gostaria de receber?, aonde vou estar?” Não, não, lembrei-me de outra: que tal discorrer sobre o momento em que me apercebi que o Pai Natal não existe. Também pensei que podia chegar aqui e dizer que ainda acredito na existência daquele velho de barbas pendentes, bochechas escarlates e barriga obesa, apresentando-vos um conjunto de argumentos bastante plausíveis. Por exemplo, algumas pessoas dizem que passaram a desconfiar da existência dele quando começaram a frequentar centros comerciais, ruas de comércio, enfim, sítios onde exista um grande amontoado de pessoas: “é que há sempre um Pai Natal em cada esquina, como é possível estar em tantos sítios ao mesmo tempo?”, diziam eles. Eu então respondia: “então querias o quê?, que ele estivesse ali na paragem à espera do autocarro para ir até outro local. O Pai Natal, como é dotado de poderes mágicos, vai de um sítio a outro sem grandes dificuldades”.
Outra coisa que me tentavam impingir era esta: “e aquelas barbas, vê-se logo que são falsas. Puxa-as e vês logo aquilo a deslocar-se do queixo”. Pois é, aqui reside o principal motivo porque passei a acreditar que aquele velhinho afável afinal não existe. A questão é simples. Aquele argumento, para a minha abismal ingenuidade, não tinha valor nenhum. Então porque é que as barbas do homem tinham que ser iguais às nossas? Aliás, uma das minha fantasias de infância, e se fosse relativamente mais pequeno, era puxar as barbas brancas para baixo e sentar-me nelas, à maneira de um simples baloiço. Aí, então, suspirava por, à medida que em empurravam, poder tocar nas nuvens, elevar-me acima das árvores, acima dos edifícios, e ao encontrar-me acima destes, sabia-me acima de todos as pessoas. Enfim, o problema não era este. O pior foi quando os meus pais, numa remota ida a um centro comercial, colocaram-me em cima de um Pai Natal. Esfusiante, sentei-me logo no seu colo e a primeira coisa que fiz foi puxar-lhe as barbas. Azar, eram verdadeiras. O homem deu um enorme grito de terror, os meus pais puxaram-me envergonhados, enquanto o suposto Pai Natal de centro comercial, gritava: “menino mau, menino mau, já não vais receber nenhuma prenda”. E não é que se enganou.

terça-feira, dezembro 14, 2004

Quero...

Quero uma máquina de fazer crachás. QUERO. Ajudem-me, onde se compra? (e-bay não vale!)

Ex Boyfriends List

Já alguma vez pensaram no conceito de se candidatarem à lista de ex-namorados de alguém?
O conceito é delicioso. Como já devem ter percebido, se a candidatura for aceite é porque a pessoa está em condições de passar a ser um ex-namorado de alguém, ou seja: é o namorado desse alguém ;)

Sigam o link, onde o xoutor Richard Stallman manda uma carta, candidatando-se a isto mesmo.

P.S. Este senhor é um génio. Com certeza que não vão dar o vosso tempo por perdido se vasculharem o resto do seu site: http://www.stallman.org.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Velha anedota

Passando pelo Chiado
Uma senhora horrorosa
Um estudante delicado
Disse-lhe:- "É uma rosa

Fresca, pura, inebriante
Mui viçosa e perfumada:
Vossa Excelência é estonteante!"
Ela toda espevitada

Respondeu ao g'lanteador:
-"O mesmo não lhe dizer
Penaliza-me senhor;
Mas não posso. Que fazer?"

O nosso herói, o estudante,
Que pra respostas se pinta
Retorquiu no mesmo instante:
-"Oh! minha senhora minta

Como a vossa excelência eu fiz
'Inda não há bocadinho!..."
Ela ouvir-lhe mais não quis
E segui o seu caminho!...

Mário de Sá-Carneiro

ps. é só um teste a ver se me inscrevi direito

Banda Sonora

Não vos acontece irem na vossa vida a ouvir música, seja leitor de CD's, Walkman ou leitor de MP3 e chegarem a uma faixa qualquer que podia pertencer à Banda Sonora da vossa vida, se esta fosse um filme?
A mim acontece-me isso sempre.
Quando vou no carro da Teresa, às tantas da manhã, vamos sempre em silêncio. Ela não sabe, mas adoro o último CD que ela gravou. A banda sonora perfeita para uma viagem de carro de noite. Até me custa quando chegamos a porta da minha casa e tenho que sair. Tear Drop de Massive Attack, Save Me da Aimee Mann, até aquela música de.. Guano Apes, que não sei o nome, me soa perfeita.
Hoje pus um mix de Jazz no leitor de MP3, já sabia que ia passar a manhã encafuada numa cave e achei que era uma boa escolha. Melhor ainda, sempre pensei que a minha Ella, a Billie e a Nina eram perfeitas para tardes de Primavera, mas não. Música para dias sombrios e frios. Aquecem a alma, aquelas vozes.
Depois temos a banda sonora do Braveheart (não gozem, por favor), para os dias mais nostálgicos. As pessoas em Lisboa até parece que andam em câmara lenta.
Pixies, quando estou fodida com a vida.
Queen, quando entro no café e vejo os amigos de sempre.
Soulfly, Doors, Bob Marley e Nirvana nas noites de copos.
A minha música dava um filme, um filme do meu mundinho.

domingo, dezembro 12, 2004

There are things that are not meant to be


Estranho Mundo de Jack, Tim Burton

Belíssimo filme, não é?

sábado, dezembro 11, 2004

No dia em que entregámos o projecto, fiquei com uma das minhas colegas num café à espera dos rapazes que tinham ido imprimir a besta. O café, que fica na Alameda, estava absolutamente vazio, e a dona era extremamente simpática. Acabou por se sentar na nossa mesa e ficámos uma boa hora e meia a conversar (aparentemente, trabalhos de 103 páginas demoram eternidades a imprimir...).
A senhora em causa sabia um pouco de tudo. Quando lhe dissemos que eramos Geólogas, ela falou em escarpas. Foi surpreendente, uma vez que a maioria das pessoas confunde a Geologia com Geografia, quando não nos dizem: "aaahh, aquilo dos calhaus, não é? Muito giro, mas o que se faz com isso?", com desdém. Vou divagar, mas é importante referir como isso me irrita. Não imaginam a quantidade de vezes que oiço estas frases. Então ó meus anormais, vocês vivem em cima de quê? T E R R A, cujo o prefixo é Geo, logo, Geologia = estudo da TERRA. Não pego num calhau há anos.

Enfim, falamos durante muito tempo, sobre tudo. Inclusivé do chamado mundo oculto, pois a minha colega é muito agarrada a esse tipo de coisas. Então a senhora decidiu adivinhar os nossos signos. O da minha colega foi à segunda, quando chegou à minha vez, ela disse o seguinte: "O seu é fácil. Escorpião.". Pois eu não sou uma típica escorpiana, por isso fiquei aborrecida. Não gosto de ser escorpião, os escorpiões são maus e vingativos.
Mas não era isso que vos queria contar. Ela disse uma coisa que eu não vou esquecer nunca. Porque na altura estava a passar um mau bocado, e quando estou em baixo sou difícil de compreender. E porque na altura em que estava no café, com o projecto a ser impresso, as coisas estavam a começar a ficar mais sorridentes. E foi então que ela disse: "tu precisas de bater no fundo para vir ao de cima. Precisas de estar triste para renovar. Para crescer. Não é fácil, mas é a tua maneira."

Deu-me vontade de chorar, ali mesmo. Juro. Andava à tanto tempo na merda, à procura de uma resposta para toda aquela confusão de sentimentos e emoções que estava a sentir, e foi ali, num café que nunca tinha ido antes, a falar com uma pessoa que nunca me tinha visto antes e que pouco me conhecia, que ouvi a única coisa que me fez bem ouvir durante aquele tempo todo. Vindo de uma desconhecida.
É por isso que estou com medo agora. Subi até cá acima e cada vez que olho para baixo, tenho medo de lá voltar. Mas a verdade é que preciso de uma renovação.


sexta-feira, dezembro 10, 2004

Saudade

Tenho saudades.
Tenho saudades de alguns colegas de escola, que nunca mais vi. Tenho saudades de brincar, de viver em Dois Portos, de ter um beco e uma vizinha do lado que era da minha idade (mas agora cresceu tão mais depressa que eu..). Tenho saudades das festas de anos com slows, quando se apagava a luz e dançavamos com o rapaz da semana. Tenho saudades de ir sair com a minha irmã. Tenho saudades da minha sobrinha quando era bebé e tão pequenina como eu nunca imaginei que pudesse ser mesmo assim. Tenho saudades de sair com 16 anos até à meia noite e meia e aproveitar cada segundo. Tenho saudades das noites de Verão, de Coja, do pão com chouriço especial que se faz lá e da minha cascata. Tenho saudades de estar sozinha, numa tarde de Primavera. Tenho saudades de estar na praia até às 20h, já vestida, a fumar um cigarro e a ver o mar. Tenho saudades de Paris. Tenho saudades de ler um livro que me faz chorar, de ver um filme que me faz sonhar, de ouvir uma música que me arrepia. Tenho saudades das estrelas do meu tecto, que o Humberto me fez arrancar. Tenho saudades de andar de mão dada na rua, de dormir enroscada e acordar ao lado de alguém que me faz sentir bem. Tenho saudades de receber flores, de receber cartas, do meu primeiro namorado que casou. Tenho saudades de noites passadas a rir com os meus melhores amigos que me conhecem dos pés à cabeça e que gostam de mim na mesma. Tenho saudades que me beijem e me segurem na cara, mesmo não tendo a certeza se isso alguma vez aconteceu. Tenho saudades que me digam baixinho que sou bonita e que gostam de mim.
Tenho tantas saudades.
Mas as saudades nascem das recordações. Tenho vivido uma vida boa.


Coja, Rio Alva

Limpezas

Tratei de acertar aqui a nossa sidebar, acrescentando um link de mais uma vizinha, que começa agora nestas andanças da blogosfera.
Aproveitei e apaguei duas sombras, que não escrevem há muito tempo, mas que poderão sempre a voltar a escrever. É só para não dar a ilusão que somos muitos, quando na grande parte dos dias só cá estou eu.

Mas eu tinha qualquer coisa para dizer.
E não tens sempre algo a dizer, sempre, sempre?
Tens razão.
Às vezes o silêncio é a melhor opção. Obrigada por tomares conta de mim.

Mais um

Deliciem-se com mais um texto do efêndi:

"Caros companheiros, escrevo-vos sentindo uma dor pungente nas minhas costas. A razão é simples: acabo de me chicotear, sem cerimónias ou qualquer tipo de hesitação, porque decidi cometer a ignomínia de reler o meu texto precedente. Eu sabia que não o devia ter feito, eu nunca releio os meus textos. Quando o faço mergulho logo num obscuro poço de depressão. Faz-me mal, definitivamente. E a razão para este meu lúgubre tormento é esta: mal iniciei a leitura interrompi-a logo nas primeiras linhas, tudo por causa desta miserável contradição: muito jovial e ingénuo afirmou, sorumbaticamente. Mas o que é isto? Como é que eu pude prosseguir o texto sem me aperceber que estas duas ideias se anulam mutuamente? Se estivesse na escola, a minha professora de português diria logo: “então efêndi, meu lindo menino, prodígio que me colocaram nas mãos, a quem eu devo mostrar a safra dos melhores poetas eróticos portugueses, como pudeste tu cometer tão trôpego erro?” E foi por isto, amigos, que hoje de tarde decidi pegar numa chibata e fustigar nas minhas costas a imagem de um cárcere. Mas entretanto, e porque a vida continua, veio-me à ideia tentar descortinar coisas que se contradizem, género: a minha mãe, ao mesmo tempo que prepara o meu lanche para o recreio da escola, descreve-me como um feio, bonito. A argumentação é esta: “meu menino efêndi, tu tens o rosto mais bonito do mundo. Os teus cabelos parece que descendem de um belo deus grego, esses olhos azuis assemelham-se a uma janela para o céu, o teu nariz, anguloso, possui a sobriedade de um marinheiro português, os teus lábios, escarlates, envolvem os dentes mais alvos que eu vi em toda a minha vida. É pena nunca dizeres nada de jeito, nunca ouvi uma palavra inteligente escapar por esse rosto. É pena, por isso é que eu digo que tu és um feio, bonito”. (ahh, pensavam vocês que eu me ia auto-flagiar dizendo que era enormemente feio fisicamente. Não, não, temos que ser sinceros. Somente a minha mãe desconhece a sóbria inteligência que habita em mim). E a partir disto, decidi tentar encontrar algo que também se ajustasse a esta perspectiva. Cheguei a esta margem: Merche Romero. Quando ontem a vi no Preço Certo veio-me logo à ideia uma comparação descomunal, ou seja, ao mesmo tempo que a olhava no ecrã, parecia que o meu mundo tinha retrocedido uns séculos e caído numa festa aristocrática em que a própria Merche fazia o papel de bobo do rei. Tudo isto, não porque ela estivesse a dizer muitos disparates (não vou por aí, gente), mas sim por causa da sua indumentária absolutamente original (ou então sou eu que não saio muitas vezes de casa). Resumindo, era assim: vestida de negro (bolas, para ser um bobo real tinha que estar mais colorida, é verdade), utilizava umas botas compridas, por cima das calças até aos joelhos, e depois destes, habitava em cada uma das suas belas coxas um enorme balão, retraindo-se no momento em que alcançara a cintura. E foi por isto, senhores, graças à Merche que me imaginei a mim, efêndi, a prestar vassalagem às princesas ou a prosseguir as minhas conversas inteligentes: “oh Gil Vicente, tens a certeza que queres pôr obtuso e filho de uma peste bexigosa na descrição do Santana Lopes?”

e ainda dizem que a televisão não é uma caixinha de surpresas!"
efêndi

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Boobie Name Generator

Your Boobies' Names Are: Twin Peaks




Bom, por acaso não é :) Mas está na mesma onda, ehehe. Feeling very silly today :)

#2

preciso que gostem de mim.

Reciclar

E eu que gosto tanto de girassóis!

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Senhor Efêndi

Convidei o senhor efêndi para nos fazer companhia. Este blog, parecendo que não, é aberto a quem tiver algo para dizer. Sempre foi essa a minha intenção... Só que o senhor efêndi, depois de receber o convite, diz que não se entende com o blogger e enviou-me um texto (enooorme, por sinal) para eu ver se merecia ser publicado. Como se eu fosse uma nazi dos blogs. Pois não sou, e sem ler o texto previamente, posto-o aqui. A ver se o rapaz se entende com o blogger para começar ele próprio a por os textos dele.
Aqui vai:

"

Não sei se repararam, ali em baixo, num dos espaços utilizados para exercer o inalienável direito do contraditório (bolas, onde isto já vai), houve um senhor, um tal de efêndi (quem será?) que de uma maneira muito jovial e ingénua afirmou, sorumbaticamente, que não tinha medo de nada. Sim, acredito que foi sincero, embora ele próprio não tenha ainda percebido o ridículo da sua afirmação. Não, não, é melhor lançar os dados sobre a mesa e justificar esta mensagem. Perante o convite da Carina, que muito me deixou lisonjeado, decidi exorcizar alguns dos fantasmas que assolam a minha a mente. E, que método melhor do que confrontar-me com as minhas próprias palavras. Por isso, afirmo perante vós que, quando lancei aquela infâmia estava a ser relativamente sincero, ou seja, a minha mente divide-se entre uma parte lúcida e racional, que se cristaliza em cinco minutos de inteligência diária, e uma outra parte, mais visível, quase déspota, de extravagância e exagero. Temo que tenha sido esta a pronunciar-se naquele comentário, recordo-vos, de que não tenho medo de nada.

É uma espécie de recalcamento, onde as minhas lembranças tenebrosas e infelizes são atiradas para um recanto escuro, cheio de aranhas e teias. Por vezes, a minha parte racional (que tem uma memória do diabo, gente) lembra-se de invadir esse espaço, juntamente com uma lanterna para alumiar as trevas e, com as aranhas e teias presas nas pupilas e cabelos, traz também alguma matéria mais sinistra consigo. Foi por isso que hoje de manhã dei de caras com o seguinte diálogo, entre a minha razão e a extravagância.

(então, foste dizer que não tens medo de nada?)

(e não é verdade? Porque dizes isso)

(não, não é, olha só o que eu trouxe do quarto dos segredos)

E lá está, hoje de manhã vi-me perante a terrível situação de ver a razão agitar nas mãos o meu terrível medo das alturas. Sim, é verdade, eu tenho um abominável medo das alturas. Descobri-o quando, depois das aulas decidi ir com os meus colegas de escola passear para um centro comercial do Porto artilhado com uma insípida bacia de gelo onde graúdos e petizes mergulhavam no chão como folhas lançando-se das árvores em pleno Outono. Decidimos subir de elevador para o terceiro piso e, só aí, quando me vi perante uma abominável, confrangedora distância entre os meus pés e o chão, senti que o meu futuro não passaria pelo terceiro esquadrão da força aérea. Eu, lá à frente, no elevador, sentindo as pernas a tremer e as pálpebras, num movimento lancinante e doloroso, aproximando-se e afastando-se do chão, num movimento estonteante, tipo yo-yo, abri os braços e fingi ser um tipo calmo e educado. Disse:

(rapazes, acho que já vi o suficiente. Ainda há bocado pareceu-me que um rapaz, que patinava de costas foi mesmo de encontro a uma senhora que estava estática. Confirmem.)

(deixa ver, deixa ver, não vejo nada)

E com esta precisão de pássaro escapuli bem cá para trás no elevador. Finalmente, só no fim da viagem, breve, mas que me pareceu uma eternidade, consegui recuperar uma espécie de singela normalidade.

Também numa viagem a Madrid vi-me perturbado por este súbito pânico. Dentro de um parque de diversões (sim, aonde é que eu me fui meter) vi-me metido num embaraço que quase me custou a serenidade. Comecei dentro de uma montanha russa (como foi possível, perguntam vocês). É verdade, mas sabem como são os jovens, sempre a quererem demonstrar que não têm medo de nada. Porque é que eu haveria de ser diferente? Espicaçado pelo meu primo (não és homem não és nada se não vieres comigo) decidi colocar os meus delicados pés e a minha vida, porque não, dentro de uma daquelas abomináveis caixas que nos prendem. Mas, não é por nada que me chamo efêndi, e delineei o mais brilhante plano para suportar eficazmente o infame trajecto. Sem mais, prendi os braços ao suporte de ferro e fechei os olhos, tendo-os apenas aberto no final dos três, quatro minutos que durou a travessia do inferno. Sempre vos digo que pareceu uma eternidade. No final, lembro-me de ter descido da caixa com a convicção de missão cumprida. Só me lembrava de uns leves safanões, mas nada de especial. Pior foi quando o meu tio chegou ao pé de nós com um testemunho da minha sôfrega vergonha: uma fotografia, tirada no auge da emoção, onde eu estava com os olhos completamente cerrados e uns ligeiros trejeitos de terror espalhados pelo rosto. (ainda a tenho por aqui, mas obviamente que não a mostro em público. Está fechada num cofre inviolável, inacessível às más intenções da minha irmã). Mas, o pior ainda estava para vir. Não sei se alguma vez viram nas feiras populares uma máquina que nos eleva ao céu, num movimento perfeitamente vertical, e que depois nos larga rumo aos destroços das pessoas. Pois, eu na minha reconhecida ingenuidade pensei: (bem, para fim de festa, não custa nada pôr-me nisto. Não parece ter mais de cem metros, sim, não parece difícil). Engano, meus amigos. Este brinquedo é do mais cruel que existe no mundo. A viagem prolonga-se durante uns eternos segundos, parece que estamos a caminhar lentamente para o tormento da guilhotina. No céu a cidade não parece bonita ou outra coisa qualquer, mas sinistra, malvada, onde lá em baixo as pessoas agitam as suas asas de abutre à espera dos destroços do meu corpo. Bem, por fim imobilizado, no fim do movimento ascendente, o meu rosto contraiu-se, as pálpebras saltaram das órbitas, o meu cabelo esvoaçou. Só não esbracejei porque estava presa ao espaldar da cadeira. O pior foi quando retiraram o mecanismo que nos suportava. Parece que ficou um pouco de mim lá em cima, a ingenuidade, a vontade de me meter em mais aventuras deste género. Quando me senti no chão, as minhas pernas fraquejaram, girei à volta de mim próprio, não me consegui agarrar a uma barra de ferro e quando dei por mim, tinha caído um metro rumo ao lago dos patos:

(queck, queck)"

efêndi

terça-feira, dezembro 07, 2004

Anda tudo a correr tão bem que até aborrece.
Estas férias tornaram-se aborrecidas em parte porque não sabia o que me ia acontecer daqui a diante. Desemprego? Estágio? Trabalhar nos Correios? O não saber punha-me nervosa e não soube aproveitar este tempo de inércia.
Pois ontem soube. Vou estagiar durante 6 meses no INT, que é como quem diz Instituto Tecnológico Nuclear (soa tão bem, não soa?), e em quê? Em quê? ARGILAS!!!! Ehehehe, minhas ricas argilas :)
Estou totalmente entusiasmada com isto. Aparentemente, vou andar a descobrir se as argilas de Lisboa foram mesmo usadas pelos Romanos para a cerâmica ou se existia um fluxo/comércio com outras localidades durante a ocupação Romana de Lisboa.
A minha orientadora da faculdade, apesar de eu andar um pouco triste com ela nos últimos tempos, foi muito esclarecedora e simpática e a minha orientadora do INT é uma grande Mestre e Doutora das argilas. Acho que vou aprender muito. E parece que o Universo me está a pôr no caminho que eu queria.
Começo para a semana.


domingo, dezembro 05, 2004

#1

tenho medo de tudo.

sábado, dezembro 04, 2004

Diz um filme...

Há uns tempos descobri uma coisa muito gira num livejournal de uma amiga. Era uma lista "diz uma música que..", e gostei muito de repsonder à lista. Como ando num projecto de fazer uma lista de filmes para (re)ver em 2005, passo-vos a bola, mas trocamos a música por um filme e readaptamos a coisa :)
Então comecem vocês.
Diz um filme...

... que marcou a tua infância.
... que te lembra um ex-namorado/amor.
... que te lembra um/a ex-amigo/a.
... que te põe triste.
... que te faz rir.
... que te faz sorrir.
... que te lembra uma fase má da tua vida.
... que dedicavas a um/a amigo/a.
... que nunca mais queres ouvir ver.
... que gostavas que reflectisse a tua vida.
... que te faz lembrar a adolescência.
... que gostas de ver quando estás triste.
... de que gostas, da colecção de discos cassetes dos teus pais.
... cujo clip Banda Sonora achas melhor do que a própria música filme.
... que te lembra o teu primeiro amor.
... que te lembra o teu novo/actual amor.
... que te faz pensar em sexo.
... que te sentes embaraçada/o por gostar.
... cuja letra argumento podia ter sido escrito por ti.
... que te enerva.
... que te dá vontade de dançar.
... que tens ouvido visto muito ultimamente.
... que resume a tua forma de ver a vida.
... que te faz lembrar de mim.

E um dia destes penso eu nas respostas :)