sexta-feira, setembro 30, 2005

How it is

Há uns dias, um amigo, por quem tenho uma imensa consideração, perguntou-me se eu tinha amor-próprio.
É muito importante darmos atenção ao que os amigos nos dizem, porque querem o nosso bem e têm um visão (quase sempre) neutra das coisas que se passam connosco. Às vezes têm razão, outras não, mas fazem-nos sempre pensar (e ainda bem).

Às vezes incomoda-me que a minha vida emocional/sentimental (não sei que palavra escolher) seja tão vasculhada e discutida. Mas sou eu que provoco isso, porque a discrição nunca foi o meu forte. Há quem lhe chame ingenuidade, há quem lhe chame estupidez. Um outro amigo disse-me uma vez que confiava em toda a gente, que não tinha nada a esconder, que não tinha medo de juízos. Pois... esse amigo também acha que os extraterrestres nos vêm salvar do Apocalipse, lá para 2029.

E porque não nos apaixonamos por quem devemos?
Porque as coisas não funcionam assim.
Os cientistas falam em feromonas, endorfinas, serotoninas, nós dizemos "química", mas a realidade é que não se sabe bem como alguém nos desperta o interesse.
Depois há os "tipos". Um enorme disparate. "Aquela rapariga não faz o meu tipo de mulher".
O meu "tipo" de homem, até há poucos anos atrás, limitava-se a ser "um gajo alto, que me faça rir e que goste de cerveja".
E crescemos. E uma pessoa que gosta dos mesmos livros que eu, que conhece os pintores de que falo, dos realizadores que me fascinam, que acha piada ao meu tricot, que beba cerveja e até fume (experimentem ser fumadores e terem uma relação com alguém que não o é!). E nada disso quer dizer que eu me vá sentir atraída por ele.
Um gajo que não fume, que não leia, que não tenha paciência para os filmes de que eu gosto, que acha que a "arte" é uma desculpa para os intelectuais parecerem intelectuais, que me chame velha por causa do tricot... bom, se calhar até olho duas vezes.
E dou por mim no café, com o meu melhor amigo a perguntar-me se eu não tenho amor-próprio.
Respondi-lhe: O que queres que faça? Não consigo evitar.

E se calhar não quero evitar mesmo.


sexta-feira, setembro 23, 2005

Done

Andava à procura do mail da Celeste para lhe enviar a foto, mas não o tenho. Por isso posto aqui, que se lixe.
One more.

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Grunf

Estou RABUGENTA.
Oficialmente.
(Aviso que a linguagem das próximas linhas pode ofender certas pessoas mais sensíveis)


Foda-se, foda-se, foda-se. Estou farta desta merda. Já não posso ver o excel à minha frente, JURO. Tenho 30 páginas escritas de um relatório que devia ter entregue há 2 semanas, gráficos e gráficos sem fim que não compreendo, merda de tanto trabalho para ABSOLUTAMENTE nada. 948 euros + viagens intermináveis para Lisboa foi o que esta merda custou. Mais valia ter pedido ao meu pai o dinheiro e ter ido viajar. Acho que aprendia mais qualquer coisa.
AHHHHHHHHHHHH!! FODA-SE! FARTA DESTA MERDA.
Mas porque raio não fui eu para informática, ou uma merda qualquer de curso com saída? Nãaaaoooo, foda-se mais valia ter ido para História de Arte. Aposto que em história de Arte não usam excel. Nem química, nem matemática, nem integrais, nem matrizes, nem derivadas parciais para calcular balanços hídricos de aquíferos de merda que eu tive de gramar em Hidrogeologia Aplicada.
E depois meti na cabeça que era isto que queria. Eu sei lá o que quero. Quero sair daqui, quero sair daqui, quero sair daqui.
SE calhar preciso de dormir, de chorar, de cigarros que não tenho, de desaparecer, mas não quero isto agora, aqui, esta merda de relatório que já não posso ver, merda de futuro que não tem cor nenhuma, merda de vontade que não aparece.
E desculpem lá, mas ou era isto, ou partir coisas cá em casa.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Aborrecimentos

Há por aí muita alma que concorda comigo, certamente.
Esta altura do início do ano lectivo é irritante. Aqueles marmanjos trajados com um orgulho supremo em andarem na faculdade há muuuitos anos, com ares de superioridade e desculpas de integração irritam-me. É vê-los (aos caloiros) a servirem de escravos improvisados para buscar cervejas aos meninos (que têm calor porque fazenda preta com este tempo não dá, não é?), a rastejarem aos pés dos Supremos Gurus de nem sei de quê. O que ainda me faz mais impressão é que no meio de tantos quase-geólogos supostamente "veteranos" só conheci uma cara. Um tipo que entrou já estava eu na 4ª matrícula. (Sim, eu também me ponho com ares de superioridade).
Desenganem-se, que eu não sou anti-praxe. Eu nos meus gloriosos dias de caloira fui eleita Miss Simpatia e tudo. Só não quero pactuar com pavões que querem, maioritariamente, comer caloiras (esta minha teoria já me foi confirmada por diversas vezes.)

É, chego a casa cansada e suada como uma lontra sem água e descubro na minha caixa do correio um folheto deveras informativo da responsabilidade do PSD. (Autárquicas, autárquicas, dEUS nos salve).
Vou guardar isto porque tem informações importantes, que às vezes necessito para trabalhos (e nunca se sabe o que me espera no futuro). Mas no geral, as propostas que estes senhores fazem são no mínimo irrealistas. Então acabo de enviar um e-mail (psd_torres@iol.pt) a perguntar como ao certo eles pretendem implementar "uma medida de fácil concretização", que "consiste na implementação pela CMTV de um sistema de apoio a estágios profissionais em empresas do concelho".
E ficam por aqui? Não!!!! Estes super-homens sugerem ainda uma medida "perfeitamente possível e até fácil" (!!!!) de, ATENÇÃO!, "visitas de estudo a empresas no país ou mesmo nos diversos países da União Europeia" e ainda "estágios profissionais de 3 meses nos países da UE", referindo"programas comunitários (Leonardo) que podem ser utilizados para o financiamento."

UAU.

Espero que o PSD ganhe as eleições. No dia seguinte estou lá à porta a pedir um estágio profissional na Lusoceram ou na própria Câmara Municipal. Sim, porque eles querem monotorizar a exploração de argilas da indústria do Barro Vermelho. E com isso posso eu bem.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Contos de Fadas

Quando somos pequenas é muito fácil acreditar nos contos de fada, nos príncipes, nos sapos, nas bruxas, nos peixes que nos concedem desejos se formos bons de alma. Eu disse pequenas porque tenho a sensação que as meninas se deixam convencer melhor pelo mundo da fantasia.
Depois há aquela fase do vestido de noiva. Desenhar o vestido de noiva, imaginar o dia, o marido, a casa, os filhos. Os carecas (lembram-se dos carecas? Agora só há nenucos que cagam e mijam e bolsam e tudo!!!) tinham os nomes dos nossos futuros filhos e eramos mães exemplares para aquelas criaturas de corpo de pano que não podiam ir à água (e era por isso que eu gostava dos nenucos).
E eu fui dessas miúdas, acreditava que os meus ursos de peluche ganhavam vida quando eu dormia, que haviam bruxas e princesas, e que se eu fosse muito boa pessoa um dia seria recompensada.

Na adolescência passei por várias fases (como é normal), mas a mais interessante foi a fase niilista. Ora, quando se descobre, abruptamente, que o mundo não é um conto de fadas e que o Amor pode, de facto, não existir, a reacção mais natural é.. deixar de acreditar em tudo. Mas isto faz-nos um bocadinho arrogantes.
Bom, começo a divagar, não era nada disto que eu queria escrever quando comecei o post.
Desde há uns tempos para cá sinto que estou a voltar aquela fase infantil, dos contos de fada. Esquecemo-nos das coisas com o passar do tempo.
Esquecemo-nos de como é difícil a desilusão.

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terça-feira, setembro 13, 2005

Atarefada

Pus-me de pé cedo para conseguir dormir hoje, amanhã lá estou eu a mostrar trabalho de um *cof* mês e ainda me falta quase tudo.
Ontem não consegui parar, fiquei a 75% de um novo projecto porque a lã acabou e voltei a pegar na minha fada, que precisa de cabelo e não sei que escolher. Ficou um bocadinho tosca, mas fui eu que a criei sozinha, de certeza que a próxima sai melhor.
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É giro tricotar um círculo porque se vê as coisas a crescer de outra maneira :)
E hoje lá recebi a carta da alfândega a avisar-me que as minhas dezenas de agulhas de tricot estão a passar férias lá. Vá lá, puseram "agulhas de tricô" na carta, abrasileirado, mas sempre acertaram..

Não resisti e fui tirar uma fotografia às minhas lãs preferidas, gosto de as ver assim alinhadas à espera de serem desenroladas e transformadas em qualquer coisa tecida.
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É tudo lã pura, exceptuando uma azul turquesa que está à esquerda (é algodão) e uma lilás que foi oferta de uma Australiana (a mesma que fiou e tingiu à mão aquela azul, amarela e vermelha), que mesmo assim ainda é 18% de Mohair.
Hummm... Aposto que ninguém aí se interessa pela composição dos fios.

E porque há sempre gente mais maluca que eu, vejam esta árvore, tão quentinha e colorida :)



domingo, setembro 11, 2005

Voodoo Girl

Já por várias vezes (como hoje) me cruzei acidentalmente com imagens e poemas deste livro do Tim Burton (o tipo do Eduardo Mãos de Tesoura, Big Fish e o recente remake de um dos meus clássicos preferidos: Willie Wonka and the Chocolate Factory).
Eu adorava comprar este livro, vou pô-lo na minha wish list do Amazon, que está a crescer todos os dias com mais um livro sobre tricot que eu gostava de ter.
Mas este, sem dúvida é um dos meus poemas preferidos, que podem ler na versão integral aqui.

But she knows she has a curse on her,
a curse she cannot win.
For if someone gets
too close to her,

the pins stick farther in.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Upside Down

É.
Os actos trazem consequências, disso já se sabe. Mas do saber ao propriamente fazer, ainda se tem de percorrer um tortuoso caminho. E assim me encontro neste preciso momento, o agora.

Outra coisa que nós também já aprendemos é que o stress traz ao de cima tudo o que de pior podia acontecer. Ora vejamos, tirando as banalidades (que não deixam de ser compromissos) do meu dia a dia, eu sabia a priori, que este mês teria de fazer o trabalho todo do mês de Agosto, pensava ainda que teria de entregar o relatório de estágio, vejamos, amanhã (o prazo acabou obrigatoriamente por se prolongar), eu sabia que ia ter um exame este mês de uma cadeira que nunca frequentei, nem sei ainda exactamente o nome, apenas as iniciais, ésse-tê-dê-ésse, eu sabia que tinha de começar a pensar num emprego muito antes de Setembro, para começar a enviar os currículos agora.
Ora, se eu sabia disto tudo, pergunto-vos, então porque não o fiz?
Porque não.
Porque há pessoas que só funcionam produtivamente sobre pressão.
Ora, também já é sabido, e repito, os actos trazem consequências, e como eu sobre pressão, literalmente enlouqueço, ora, ora, que surpresa, eís que me desaba o mundo em cima.
Mas nem se nota muito, acreditem. (tirando que estou a ouvir Jack Johnson, shiiiiiiuuuuuuu!!!)

E, uma private entre mim e mim, um desabafo que fica entre nós: não gosto que me passem atestados de estupidez.
E agora? Faço o quê? Compro um bilhete de ida para Marrocos? Ou fico aqui à espera.. à espera de uma vidinha, ora, ora, que surpresa, absolutamente medíocre.



Tirado daqui.

quarta-feira, setembro 07, 2005

....I woke up and found myself lying on the street floor with a 357 in my left hand
and a corpses neck on the other,
i didn´t remember a thing...
blue sky gray-scale,
graveyard amnesia..
not even my name....

clues, just like Dick tracy´s openned eyes i see NecroDrome written in the revolver´s chamber,
livin´hell i found myself.. gang style clothing, clean brown shoes
and the silver metallic "Bonnie" in my cold steel fingers: all a match, a gangster...

the other "good guy" beside me, meet john doe
a nobody´s dead man that i didn´t like for sure,
for the blood i my hand, and gun powder in the other...

Well home i knew where, no doubt, Chicago´s Cicero street,
Barafranca´s sweet summer house... Hellhole....
I was on my way to kill, to steal, to destroy to anihilate,
to form a crime syndicate....

Until the last spring swings away,
until the last gangster hits the ground runnin´.


NecroDrome 7th August, 1935

terça-feira, setembro 06, 2005

Wake me up when september ends (*)

Já quase que desejo ter as mãos livres para tricotar para mim. Ou para outros (que o Natal está aí á porta), mas ao meu gosto.
Mais dois links deliciosos:
Gorro aduendado (alguém seria capaz de usar isto? Ainda não sei se quero o gorro se o homem, hummm um homem lindo que tricota, that's HOT!), Leão e Tigre (instruções dos anos 40, via Ervilha Cor de Rosa).

E para as mães que merecem prendinhas bonitas e feitas à mão, está-me a parecer que vou fazer uns quantos cachecóis destes.

(*) Green Day

Mulheres

Depois de um período nada dedicado à leitura, agarrei-me vagarosamente à minha última compra, "A Imortalidade" de Milan Kundera. Há uns meses comecei a ler "A Valsa do Adeus", do mesmo autor, mas nunca acabei, não me atraiu por ai além, mas já este...
As pessoas não são todas iguais, acontece-me muitas vezes ficar a remoer certos comportamentos que tenho por não saber se se inserem na dita normalidade dos outros. Há quem não goste de ser igual, mas também não queira ser muito diferente. Eu gosto do Kundera porque ele parece compreender as mulheres. Ou pelo menos as mulheres como eu.
No livro, 3 das personagens principais são mulheres. Duas são irmãs, completamente opostas uma da outra. Uma num casamento apagado, que vive em harmonia com o marido, mas sem ser realmente feliz, e a outra uma verdadeira rainha do drama, apaixonada (ou será apenas mais um capricho?) por um homem mais novo que foi recentemente promovido a asno integral.
A outra, a Bettina, é simplesmente uma excêntrica insegura com laivos de um erotismo infantil, que, muito sinceramente, me irrita. Esta personagem irrita-me.
Adiante,
Mas por mais que eu me quisesse identificar com a Agnès, a irmã mais velha e mais racional, não consigo, e mesmo me revendo um pouco em cada uma destas mulheres tão diferentes, aborrece-me que a Laura seja tão parecida comigo.
Raios te partam Kundera, por me teres descoberto por aí algures.

quinta-feira, setembro 01, 2005

Retroespectiva

O dia 1 de Setembro parece-me ideal para fazer uma análise do que foi este último ano para mim. Numa palavra ; Solidão. Pensava que me tinha atingido há poucos meses. Afinal, chego cada vez mais à conclusão, que é algo que existe desde perto do ínicio deste ano.
Talvez a culpa seja só minha! Deve ser... bem sei que em mais ninguém a posso colocar. Mesmo porque não posso dizer que tenha estado, propriamente, sozinho. Longe disso. Companhia até nem me tem faltado.
Creio que há momentos em que, por mais que não o estejamos, sentimo-nos sozinhos. E pior que isso, afectamos quem se encontra à nossa volta. Mais perto de nós. Nada creio poder fazer em relação a essas pessoas. No máximo, algo poderei fazer em relação a mim mesmo. Não é uma situação nova. Sempre dei a "volta por cima". Sobrevivi. Afinal de contas ainda estou aqui.
Melhores dias virão. Mais não posso dizer.