segunda-feira, janeiro 31, 2005

avô

Há homens a abrir as mãos como livros
Superfícies intensas sem ruído- as nascentes
No rochedo liso, no deserto imprevisto

É quente o silêncio. É quieto de uma claridade
Atenta. Eles o abrem- o orvalho
E nem sempre o atravessa o lume

É sempre de manhã que se abrem as correntes
Abrem os escritos sem abrir os lábios
Eles sussuram sobre os ouvidos
Do homem que fala sozinho

Nem sempre abrem a porta de quem está em sua casa
Nem a ferida que se cura com o tempo

Abrem uma fonte e um lugar à frente. Cada afluente
E o seu leito. Abrem
Os anzois profundos dos sinais.

Daniel Faria

Domingo à noite


Parto Sem Dor

E agora eu vou-me embora
e embora a dor
não queira ir já embora
agora eu vou-me embora
e parto sem dor

E parto dentro de momentos
apesar de haver momentos
em que dentro a dor
não parte sem dor

Sérgio Godinho

domingo, janeiro 30, 2005

PANO-CRU

"Graças" ao Sérgio Godinho, encontrei um blog que me parece interessante: http://pano-cru.blogspot.com/.
Sinceramente, pensei que seria apenas mais um que diria as coisas que se esperam de um blog de esquerda (neste caso), mas não. É apenas o blog da Ana, que pensa com a sua própria cabeça e gosta de boa música :)

sábado, janeiro 29, 2005

Cabeleira do Zézé

Está frio. Raios.
E eu que não adoeci ainda? Estou com medo que aconteça esta semana... não pode. É o Carnaval que vem ai e não posso ficar doente. *medo*
Segunda-feira lá se vai comprar o tecido alanzado para a ovelha e o tecido acetinado para a abelhita. Gosto tanto de ser um bicho. Na minha lista está ainda um futuro polvo e um pinguim.
Carnaval :) Está quase, quase, quase...

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Pay it forward

É muito importante ter amigos. Muito.
Os namorados vão, os conhecidos podem revelar muitas surpresas pelo caminho, mas os amigos estão lá sempre. Para o que der e vier.
O pobre do moura é um desses amigos que estão . Hoje forcei esta pobre alma a manusear caixotes pesadissimos cheios de calhaus, para cima e para baixo, para um lado e para o outro. Ele ficou com mazelas, ficou. Cortou-se num "coisinho" (daqueles que atam o panrico, sabem?) e ficou com as mãos tão castanhas como as minhas. Desesperei a manhã toda com aquelas caixas pesadas, a solidão da cave (com o ruído de fundo da serra do já meio surdo Sr. Alberto) e o moura veio ao meu auxílio. Tornou uma coisa tão chata mais fácil.
Ah pois. E depois é muito importante ter amigos com mais de um metro e oitenta e com força de braços.
O moura tem um exame amanhã e uma apresentação na 6a feira, mas isso não o impediu de me auxiliar. Espreitem o cartaz da apresentação dele, que foi elaborado com a ajuda do ctx, da chafarica. Vêm? É muito importante ter amigos e saber tratar bem deles, porque merecem.
E decorem este nome: Paulo Moura Guedes, porque ainda vão ouvir falar dele. O grande programador.

Falta de qualidade

É espantoso como o PCP, principal partido de esquerda em Portugal, consegue ter, consecutivamente, dois líderes tão fracos. Assisti hoje ao debate entre Paulo Portas e Jerónimo de Sousa. O nível deste foi embaraçosamente fraco. Uma completa falta de ideias. Parecia que o que estava em debate eram questões de fé, que normalmente não estão associadas a qualquer tipo de racionalidade, pelo menos aparente.
Onde estão os grande intelectuais de esquerda? Não sei se Carlos Carvalhas é um intelectual mas também não é seguro que tenha sido um homem de acção.
Será uma expécie já extinta em Portugal?

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Happy.

Estou muito cansada...
Ontem fiz umas luvas (as primeiras!), dormi 5h, fui inscrever-me a uma cadeira nova (sim, vou fazer Património Geológico e Geoturismo no 2º semestre), almocei uma carne duvidosa e um esparguete merdoso na cantina da FCUL. Uma laranja. Era azeda. Atrasei-me com a conversa, cheguei ao gabinete, já lá estavam elas. As duas, nem acreditei. Agora é que vai ser, já não há mais desculpas. De 30 amostras passamos a 20. A minha professora também sabe defender a minha futura sanidade mental. E porque não colher mais 5 amostras no bairro alto? Sim, sim, sim, sim! Eu não quero só fazer análises químicas. Nem difractogramas. Quero mexer no barro molhado, sujar as mãos, a bata, o cabelo, as bancadas. Fazer rolinhos, encher cápsulas, lavar a argila, tirar a areia e ficar só com aquela pasta sedosa, que me seduz tanto que cheguei a encher a banheira de barro quente. Só para sentir aquele conforto no corpo todo.
Li um livro a caminho de casa, no autocarro. Estava pendente desde Agosto, quando o comecei a ler, mas são contos de Edgar Allan Poe. São contos, não faz mal deixar a meio. Li um bestial, o do Sr. Valdemar... acaba assim (mais ou menos assim) "uma massa liquefeita em completo estado de putrefacção". Descobri 5 palavaras novas que tenho que ir ver ao dicionário. Acho que uma era "héctica". Não sei o que quer dizer...
Cheguei a casa, visto o pijama. Pego nas agulhas. Já fiz mais uma luva, às riscas cor de rosa, tão macia.
Sinto-me bem, sinto-me útil, sinto-me cansada e tinha tantas saudades...

quinta-feira, janeiro 20, 2005

voltei

pois é, mais um natal que se foi. ainda estou em ressaca, muito álcool que não bebi, muitas mulheres que não beijei, muitos chocolates que não comi. aqui, como sempre, como antes e como o será, não se passa nada de especial. li finalmente o 100 anos de solidão, inclino-me em sinal de reverência, um assombro, do qual retirei uma frase fixe e que explica de forma intelectual, embora confessamente pedante, a minha vida.

"e não na esperança de, dessa maneira, derrotar a solidão, mas sim exactamente o contrário, para a manter".

claro que não é opcional, mas enfim, por vezes também gosto de me iludir. o senso comum diria que eu sou um chato do *******. a vida não é poesia, ou seja, não é assim:

Graças a Deus que estou contente
Saí com o Manuel e beijei-o com ardor
Tinha na boca um hálito de pavor
"Oh amor, é porque estou doente".

Confessou que me ama deveras
Apenas acordou mal disposto.
Apesar daquele beijo de trevas
Apertou-me a mão à entrada da Primavera

A Luísa disse que ele não gosta de mim
É uma invejosa, é o que é.
Toda a gente sabe que ela não lhe larga o pé
Ele apenas tem olhos para o meu cetim

Mas um dia apanheio-o com a João
"que é isso paixão"
Cortei logo ali com o vilipendiador
E tratei de fugir com o canalizador.

Graças a Deus que estou contente
O canalizador também se mostra doente
"é o patrão que não me dá a folga, jóia"
Ai que isto me cheira a tramóia

Posto isto, e como já dei provas da minha imbecilidade, despeço-me, com desejos de bom ano.
bolas, já me ia esquecia do motivo porque decidi escrever. recebi uma caixa de chocolates bacci, bem fixe, comi-os todos, claro, sou um javardo é o que sou, não me doeu a barriga nem me fez borbulhas. até gosto de chocolate, mas não tenho preferências, vai tudo, sou um javardo é o que sou. mas estes têm a particularidade de ter mensagens. pessoal, é começar a apontar que isto até pode dar jeito para umas mensagens de telemóvel.

"O VERDADEIRO AMOR BRILHA SEM SOMBRAS" gajo anónimo, logo, deve ter sido alguém na fábrica que escreveu isto. "ainda ontem disse à minha mulher. oh joaquina, traz uma cerveja e vai para a cozinha que o verdadeiro amor não precisa de sombra"

"O QUE É UM BEIJO TEU? UM LAMBER DE CHAMA" Victor Hugo. bem, este não conheço. deve ser um gajo qualquer de Carcavelos. "pessoal, ontem a minha Jasmina passou-se. agarrou-me quando estava a arranjar o carro e o maçarico quase que me queimava. beijou-me todo. quase que dava faísca. "oh amor, tem cuidado, ainda me queimo".

"AMOR TUDO DOA E TUDO RECLAMA PARA SI". Anónimo. mas quase que aposto que foi o armindo. ainda ontem disse-me. "oh pá, estou na merda. a feliciana pôs-me na rua. aquela vaca, dei-lhe tudo e agora põe-me na rua só porque viu-me com outra. já viste. parto aquela merda toda".

"A PAIXÃO PINTA COM AS SUAS CORES TUDO O QUE TOCA". Balthasar Graciãn. ainda ontem o meu vizinho disse-me: "oh zé, ficou tão mal"

"O VERDADEIRO AMOR NÃO CONHECE DISTÂNCIA" anónimo. o pior é se o carro avaria.

um bacci para todos.


So beautiful

O David, aka Paranoid/para/noids, está actualmente a expor os trabalhos dele no IST. O Gonçalo fez um post muito concorrido sobre isso, que podem ler aqui. Graças ao VladDark descobri dois artistas maravilhosos, que só conhecia pelas capas dos albúns de Anathema e Faith no More (aquele do cão, remember?), e que me surpreenderam muito.
Ide espreitar, ide: Eric Drooker e Travis Smith.
Do Eric gostei particularmente dos "prints", desconfio que aquilo será feltro ou alguma caneta do género e de Travis Smith adorei tudo..

Mood: very cranky.
Tenho estado com uma rabuge que só visto. Farta de não fazer nada. Farta de não querer fazer nada. Farta de estar farta.
Sinto que não aproveitei estas férias como deveria... Não fiz nada produtivo (sabem que não li um único livro nestes dois meses? ), podia já ter tirado a carta de condução, organizado o meu quarto (livrar-me de Kg de papel que já não vou usar nunca mais), ter aprendido a falar japonês e coisas boniiiiiitas.
Não. Deixei-me vencer pela preguiça, pela inércia e começo a sentir-me como um velho gordo desempregado. Inútil.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Aviso

A todos vós, ovelhas do rebanho global, que usam um "suposto" browser chamado INTERNET EXPLORER, quero dizer-vos isto: BURROS! BURROS! BURROS!
O IE é a maior merda que existe ao cimo da terra depois do George Bush, e curiosamente vêm os dois dos EUA.

Depois é pessoas a dizer-me: "ó carina, o teu blog tem um problema.. não se vê não sei o quê.., tem não sei o quê em cima de quero lá saber...".. O meu blog não tem problema nenhum. Um browser que interpreta uma cor "grey" e põe as letras a branco.. opá... não sei se sou eu que tenho um problema. O template é acertado, justificado, embelezado no Mozilla ou Mozilla Firefox.
ESTE SITE NÃO É PARA SER VISTO EM INTERNET EXPLORER.
E mais não digo. Já repeti isto uma série de vezes.
Saquem o Firefox. Sabem lá o que é bom!

www.mozilla.org
JÁ!

domingo, janeiro 16, 2005

Adolescência

Lembram-se dela? Que altura terrível da vida. Parece que está tudo mal, que nunca estamos bem, que nunca vai passar.
Quem me dera que alguém me tivesse dito em certas alturas: "oh rapariga, isso quando chegares aos vintes passa. Passa."
E passa mesmo.
Relembrei toda essa agonia ao ler um post, aqui:

so it takes two beers to remember now, and five to forget.

essa peste que causa insonias e vai derramando pela calçada pedaços de toques, no sonambulismo evidente que eu queria sentir, mas nao me deixam.
queria colar as palpebras ás boxexas pra nunca mais enxergar, cortar as memorias com fio de nilon e deixar os pedaços ao abandono.
prefiro morrer a fugir, da esperança, do que viver nela negligentemente; revolve-me a sua falta de crediblidade e tentativa de aceitação de momentos desfocados. ela tentou fazer-me esquecer a racionalidade. quero uma amnesia revolta em liberdade.

sim, é pra ti.

nao, nao aguento mais
sim, custa dizer-te adeus

E passa. Passa mesmo.
Acordei depois de uma série de sonhos estranhos. A minha mãe estava a fazer barulho com os tachos e o meu pai fala muito alto. Então levantei-me. 13h30, e ontem que me deitei tão tarde...
Doi-me a garganta. Ando a fumar tanto... A noite foi incrível, mas começam a ser todas iguais. Todas as semanas o mesmo.
E daí? Ao menos são incríveis.
Feeling crappy. Preciso de um bom sumo de laranja, de um bom banho e de ir apanhar sol :)

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Peace of Mind

Acabo de vir do café, onde reencontrei uma nova/velha amiga. Que me veio dar a novidade de que vai ser muito em breve minha vizinha. 2 terços das janelas de casa dela dão para a minha. É desta que vou instalar as cortinas no meu quarto... já não é seguro morar no 5º andar ;)
A minha vidinha anda assim, calma. Espirituosa. Sossegada. Apesar dos reboliços que circulam à minha volta, e me tentam puxar para eles... não. Recuso-me a abandonar a minha paz de espírito.
É como aquela anedota. Um camelo e um elefante. E diz o elefante: "Então pá, o que é isso de andares com as mamas nas costas?", ao que responde o sábio camelo: "Ahhh, grande lata! Isso vindo de um gajo que tem a pila na testa!".
E mais não preciso de dizer não é? (lol).

terça-feira, janeiro 11, 2005

Quem nunca pensou nisso?

A minha cara Diane escreveu um post que eu acho genial.

sábado, janeiro 08, 2005

This fear will not destroy me *

Sabem... não sabem.
Ando muito calejada ultimamente. Aconteceram tantas revoluções na minha vida nos últimos anos que chegou a determinada altura que deixou de doer tanto. De provocar tanta mossa. Há quem chame a isto crescer e há quem chame ficar anestesiado, insensível e frio. Mas insensível é coisa que nunca fui.
I'm not sad.
Só ligeiramente perdida. I'll found my own way, I'll found my own peace, I won't let anything destroy me.
Há simplesmente causas que não valem a pena. Há que saber desistir.
I'm not sad.

* R.E.M.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

South Park

Como sugerido pelo VladDark, fui fazer a minha personagem South Park. Aconselho a todos, está genial!
A minha ficou assim (os pormenores deram aquele ar semelhante a mim, sempre com o cigarrinho no canto da boca):


quarta-feira, janeiro 05, 2005

Ontem o dia nasceu radioso.
Depois de almoço aproveitei para ir até à Baixa, procurar lãs bonitas para os meus projectos. Não encontrei nem uma lojinha, andei às voltas umas boas 2h e soube-me tão bem... Acho que há quase um ano que não ia passear para a baixa. Soube mesmo bem. O sol de Inverno a iluminar as fachadas dos prédios, as estátuas, as pessoas. Até as músicas de Natal nos altifalantes me soaram bem.
Finalmente lá encontrei uma lojinha de lãs. Trouxe quase um Kilo delas, acho que me entusiasmei... Mas foram tão baratas e eram tão lindas..!
Ontem comecei um casaco, que já desmanchei 9 vezes :)
Deste Inverno eu gosto. Solarengo, frio, mas feliz.

segunda-feira, janeiro 03, 2005

2005 é que vai ser

Pessoal, quero desejar um grande ano este 2005 pa todos, bora mexer o cú e não ficar a ver as coisas passar. But criar bons futuros para nós.

Bom ano pessoal

domingo, janeiro 02, 2005

I'm here.

E assim foi. Assim passou. No meio de fogo de artifício, banho de champanhe, cigarros, beijinhos e buzinas.
De um momento para outro, acabou.
Mas acabou o quê? Ainda aqui estás..!
Eu sei, e tem que ser sempre assim. Em frente, sem medos.
2005, aí vou eu, ready or not.