segunda-feira, janeiro 31, 2005

avô

Há homens a abrir as mãos como livros
Superfícies intensas sem ruído- as nascentes
No rochedo liso, no deserto imprevisto

É quente o silêncio. É quieto de uma claridade
Atenta. Eles o abrem- o orvalho
E nem sempre o atravessa o lume

É sempre de manhã que se abrem as correntes
Abrem os escritos sem abrir os lábios
Eles sussuram sobre os ouvidos
Do homem que fala sozinho

Nem sempre abrem a porta de quem está em sua casa
Nem a ferida que se cura com o tempo

Abrem uma fonte e um lugar à frente. Cada afluente
E o seu leito. Abrem
Os anzois profundos dos sinais.

Daniel Faria