domingo, agosto 24, 2008

Um Outdoor dentro de casa

De dois em dois dias
arranco três rosas
e meto-as numa fila de quatro

De três em três dias
avanço com os dois pés
e adiciono-lhe o andar

De vez em quando
castigo a caneta
enquanto decoro a folha de texto

Apesar de ser insensível
sei que o sou de forma bipolar
por isso
de tempos a tempos
apaixono-me a valer

Grande vacilo da poeira estelar
que me criou de forma inconstante
Só me obriga a procurar
o oposto da equação

Eu que vejo de forma isométrica
adoro identificar os opostos no meio da multidão
Se já me viste
do povo foste subtraida
e à minha apatia submetida

E pronto, se não fosse domingo
escrevia mais qualquer coisa
mas como isto está,
a imparável da ressaca,
sou bem é capaz de me chapar no sofá
a ver a Sempre-viva a mexer

segunda-feira, julho 21, 2008

Karma

Há pormenores que fazem daquilo o que somos.
No fundo, está tudo nos pormenores. É aquilo que nos distingue da grande massa que é o resto do mundo, é aquilo que nos torna indivíduos, únicos e especiais.

Apesar da evolução dos últimos anos, continuo a mesma de sempre. Há coisas que têm um peso diferente para mim do que para o resto das pessoas. Não é fácil ser assim, há muito que tento fazer crescer essa faceta, mas, e apesar de estar um pouco diferente, é-me difícil viver com pensamentos negativos.
Bem sei que para certas pessoas, isto pode ser considerado uma fraqueza. Mas este fim-de-semana, surgiu-se-me uma grande revelação. Já que não consigo ainda atingir o equilíbrio, estou satisfeita por estar deste lado do espectro.

E passo a explicar.

Querer perdoar, não por altruísmo, mas porque nos faz mal estarmos zangados, e aquele espaço negativo que esses sentimentos ocupam pode ser ocupado com outras coisas, mais felizes. Pode parecer uma fraqueza, mas no fundo não o é. Recuso-me a pedir desculpa por ser assim.
Pela primeira vez na minha vida, o facto de ter aberto o coração, e ter desistido desse sentimento negativo, não me trouxe a reacção esperada.
Se eu fosse menos ingénua, teria-me poupado da pequenina humilhação que uma situação destas traz. Mas o curioso aconteceu, depois do choque inicial, e depois de uma noite bem dormida, apercebi-me que as energias negativas tinham desaparecido.
Apercebi-me que se pode perdoar sem ter que o expressar verbalmente, nem ter a aceitação do outro lado (há quem não queira ou não precise do nosso perdão).

Apercebi-me finalmente que o caso está enterrado, que não sinto nada, nem de bom, nem de mau.
E se para certas pessoas, aquilo que fiz pode parecer fraqueza, para mim, aquilo que senti foi um alívio por estar deste lado do espectro.

Porque deve ser muito triste ser assim tão infeliz.

sábado, maio 24, 2008

170106

Quando se carrega uma bagagem tão pesada nas costas, como eu (às vezes penso se a terei realmente, ou se serei apenas demasiado exigente comigo), a importância de saber perdoar vem como um pau de dois bicos.

Há quem diga que perdoar nos tira um peso muito grande das costas. Que faz de nós pessoas melhores, que ter rancor ocupa um espaço precioso nas nossas vidas e no nosso coração, que deveria estar cheio de sentimentos positivos. Eu sou uma dessas pessoas.

Às vezes perdoar vem como uma dualidade. Perdoamos quem não devemos, e não perdoamos a pessoa errada. E há coisas que não se esquecem, mas se perdoam.

E tudo isto porque o Universo me pregou mais uma partida.
E agora vou ter de aprender a esquecer, mas mais importante, a perdoar-me a mim própria.

E se não acreditam, estou a ouvir "Here's Where The Story Ends".

espero bem que sim.

quinta-feira, maio 15, 2008

.

Hoje chorei. Chorei muito.
Não sei se estava triste, nervosa, angustiada.

Chorei por muita coisa. Despejei tudo cá para fora durante largos minutos, solucei, sozinha, até ficar com o nariz vermelho e os olhos inchados.

Parece que tinha muita coisa cá dentro acumulada a querer sair.

quinta-feira, abril 24, 2008

happy day

O meu melhor amigo faz anos hoje.
Não vou dizer quantos, mas não são nem muitos, nem poucos. São alguns. Um número redondinho e bonito. Que soa a uma nova etapa e a uma nova fase.

Eu queria que o meu melhor amigo soubesse que quando eu chegar a esse número redondinho, não me importaria nada de estar onde ele está agora. Que por isso esta data deve ser comemorada, porque há razões para o fazer.
Eu queria que o meu melhor amigo soubesse que eu tenho muito orgulho nele, no que conseguiu, na pessoa que é.
E que quero comemorar este dia ao lado dele, como sempre está do meu. Nas birras, nas rabuges, nas gargalhadas, no sono e na fome.

É que eu tenho a sorte de ter do meu lado o melhor companheiro, o melhor amigo, a melhor pessoa do mundo.

É lamechice, mas é assim.


Parabéns :)

quarta-feira, abril 09, 2008

Quanto é que não vale...

Confesso,
andava com umas vontades de inscrever algo neste belo blog andava..
Quer dizer, eu que gosto de escrever, esqueci-me o quanto isto sabe bem porra!
E com o astral no máximo como tenho estado ultimamente..
De repente lá vem aquela chata de merda mandar bocas pelo msn..
Bem,
o que interessa é que me veio um espasmo de ressaca por este belo território.
É o amor acredita,
é o amor..
E claro,
já andei a cavalgar pelos prados aqui da Terra
continuo a admirá-los tal como antes,
e o meu burrito também (se pudesse fazer um fixe com a mão aqui fazia)
Resumindo (e enquanto se cortam umas batatinhas)
as saudades aliadas há vontade de esmurrar certas pessoas
obrigou-me a dizer a mim próprio:
Urge miudo urge!
Vai lá e mete uns desses teus posts manhosos que tanto gostas..
Cá estou.
E sim Carina,
viver nesta cidade é de uma violência iraquiana, sim senhor,
apoiado...
E já me estou a fazer à estrada
senão ainda mato alguém aiai

quinta-feira, março 20, 2008

Um daqueles momentos.



Desde que ela tem 4 anos que lhe pergunto se quer aprender a tricotar.
Ela costuma sentar-se ao meu lado, muito calada, a observar-me enquanto faço cada malha, enquanto faço cada carreira.
Quando lhe perguntava se queria aprender, respondia-me sempre "hoje não".
Nunca quis forçar, dei-lhe o seu tempo.

Pois hoje, no dia em que começou a Primavera, o meu dia preferido do ano, sentei a minha sobrinha no meu colo, pus-lhe as agulhas na mão e ensinei-a a tricotar.

É um daqueles momentos inesquecíveis para mim, semelhante ao de 4 anos atrás, quando a ensinei a atar os atacadores.

Estou babada de orgulho.

terça-feira, março 11, 2008

Legibilidade blogueira

blog readability test

Movie Reviews

Apesar de não ser um blogue técnico tem um nível bastante razoável em comparação com outros mais técnicos; é claro que não se pode competir com certos e determinados; e também é claro que não sabendo quais os critérios, tudo isto é perfeitamente inútil e especulativo... == interessante ;)

A vida é isto.

quinta-feira, março 06, 2008

quoting somoene I don't even know

alguém disse a alguém que me disse a mim:

"Vão chegar a uma altura da vossa vida em que se dão conta que são exactamente os amigos que têm, são os amigos que conseguem fazer e manter ao longo da vossa vida que acaba por vos definir"

quarta-feira, março 05, 2008

Não foi a Cidade que mudou...

...fomos nós que a começamos a ver de outra maneira. *

Se quando, aos 12 anos, me disseram que iamos passar a viver em Torres Vedras e a ideia me aterrorizou e desgostou profundamente, a cidade enraizou-se em mim.

Um enorme prazer nas pequenas rotinas.
Sair e ir ao café e encontrar amigos, ir a todo o lado a pé, voltar para casa sozinha às 5h da manhã sem medos, nem receios.
Conhecer as pessoas de vista, saber o nome das empregadas da caixa do Pingo Doce.
Aquele equilíbrio que existe numa pequena cidade. Que dá a liberdade e a individualidade de uma cidade grande, mas também aquele travo familiar de aldeia pequena.

Pois recentemente, e apesar de saber que "não foi a cidade que mudou, fui eu que a comecei a ver de outra maneira", decidi que não mais é a minha casa.

Torres Vedras deixou de ser a minha casa, o meu ninho, o meu nicho.
Ultimamente, viver aqui tornou-se absolutamente, irremediavelmente, insuportável.

* num qualquer cartaz da cidade

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

2 meses depois



Here's Were the Story ends.

O blog não tem estado muito activo, mas não sou pessoa de o fechar assim, sem aviso, até porque estão aqui muitas memórias para que se deitem ao lixo.
Mas não me comprometo, nem me obrigo a mantê-lo vivo só porque sim.

A verdade é que este ano (tão pequenino ainda!) tem sido complicado, cheio de baixos e baixos, mas nada tão grave assim que mate. Mas mói. Assim devagarinho o ânimo vai desvanecendo. Espera-se por dias melhores, que certamente virão.

Here's were the story ends?

terça-feira, novembro 27, 2007

Universal Mind

"Sim, Excelência, a minha irmã e eu continuámos a gozar-nos mutuamente, em todas as ocasiões que tivemos naqueles anos do nosso desenvolvimento, como já disse há pouco. Sim, Excelência, sabíamos que pecávamos.
Provavelmente Tzitzitlíni sabia-o desde o princípio, mas como eu era mais novo, fui-me gradualmente apercebendo de que o que estávamos a fazer era incorrecto. Através dos anos, fui compreendendo que as nossas mulheres sabem cada vez mais sobre os mistérios do que qualquer homem. Suponho que se passa o mesmo com as vossas e com as mulheres de todas as raças. Pois desde muito novas têm tendência a murmurar entre elas e trocarem segredos relacionados com os seus corpos e os corpos dos homens, e juntam-se com as viúvas alcoviteiras, as quais - talvez porque há já muito tempo que se lhes secaram os sucos - estão regozijadas e maliciosamente ansiosas por instruir as jovens donzelas nas artes femininas da astúcia, enganos e impostura."

terça-feira, novembro 13, 2007

26

e nenhum sinal da praga até agora.

terça-feira, outubro 23, 2007

Cansaço

Uma variável na vida consoante o tempo é de facto a paciência.

Para umas coisas aumenta substancialmente, com a maturidade e a experiência de vida: paciência para os pais, paciência para os filhos/sobrinhos, paciência para os estudos...

Por outro lado, com o tempo perdemos a paciência para aquilo que não nos interessa. Somos mais selectivos. O nosso tempo é precioso. Já não há paciência para gente chata, para tarefas que não trazem nenhum bem ao mundo, já não há paciência para fretes e que tais.

Estou cansada.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Justiça

Assusta-me a maneira como as pessoas, hoje em dia, percebem a lei e ajuizam condutas e acções.
A lei, a meu ver, serve para nos servir e defender.
Acredito que por detrás de toda a complexidade deste sistema, se podem isolar apenas algumas leis, linhas mestras de toda a nosssa conduta, que todos saberíamos e, principalmente, pudéssemos sentir.
Assusta-me a maneira como se defendem leis abstractas e arbitrárias, que não servem nem defendem.
Estamos numa época de inquisição, em que é mais importante a falsa sensação de igual aplicação da lei, em todos os casos, do que o genuíno bom senso.
Estamos numa época de grande injustiça.

Pois passado este trecho de grande justiça poética e de, concerteza, grande aclamação, deixem-me substituir as palmas pelos assobios (obviamente, estou a falar de futebol).

A razão desta introdução foi o recente caso Scolari.
Perdão, mas parece-me completamente extremada a opinião maioritária, de que o homem deveria ser definitivamente afastado de toda e qualquer actividade ao serviço da Selecção Nacional.
Caramba, é assim tão grave um indivíduo passar-se da cabeça e sentir o punho a mover-se em direcção às fuças do infame biltre?
Tratando-se de um caso isolado (e estamos a falar de alguns anos de carreira...), não me parece. Parece-me a mim tratar-se, de um acto cometido por alguém que vive a selecção e, excepcionalmente, se passou da cabeça e cometeu um erro. Pois eu tenho mais respeito por este tipo de homem do que pelos muitos avaros que passaram por lá e se serviram dela.

E perguntam vocês:

- Ah e tal, tu és jovem, e os jogadores/árbitros que são duramente castigados em casos de agressão?

Na perspectiva de que a lei serve para defender e servir, os jogadores/árbitros são intervenientes directos da partida. A quantidade de condicionantes e factores que podem proporcionam situações de conflicto é enorme. Ora, se não houver leis bastante rígidas nesta situação, é o desporto que sofre, ou melhor, os seus intervenientes. É necessário protegê-los, castigando-os.

- Então e a violência, não se deve dar um exemplo forte perante este tipo de situações? Por isso é que o mundo está assim...

Não.
Acho que se deve distinguir uma palmada de raiva, de outras situações mais graves. A primeira até pode ser saudável, gerar respeito e resolver conflictos. Não tem nada a ver com a cobardia e a falta de respeito pela vida e dignidade humanas, de que o mundo tanto sofre.

Tenho medo de que tenhamos perdido a humanidade e o bom senso, ao julgar os outros.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Patti Smith no Coliseu

domingo, outubro 14, 2007

Left Brain v Right Brain Test

Qual o lado dominante do cérebro?

Eu vejo a imagem a rodar para o lado direito. Passado algum tempo, o sentido inverte-se, e assim por diante.

O resultado surpreendeu-me, sempre pensei que fosse uma "left brain person". Não sei se o facto de ontem ter sido sexta poderá ter alguma coisa a ver...

quarta-feira, outubro 03, 2007

definir os objectivos

dizem os entendidos que devemos estabelecer metas (não fixas, mas sempre tendo em conta um percurso mais ou menos delineado).
Definir os objectivos, mas de maneira a que não nos deixemos levar pela frustação quando estes não são atingidos. No fundo, aplicar todas aquelas palavras da moda, proactivo, polivalente, dinâmico, organizado, etc. à nossa vida.

saber gerir o tempo.

saber o que se quer.

focar um objectivo final.

e quando a nossa natureza (também não imutável, porque somos criaturas que conseguem evoluir - evolução não entra aqui apenas no sentido positivo, como tendencionalmente o fazemos) não o permite?

estou feliz com aquilo que atingi nos últimos anos, com a evolução (agora no sentido positivo) que consegui, mas de vez em quando, quando ocorrem aqueles deslizes, aqueles lapsos que me caraterizam, tenho de fazer um enorme esforço para não sucumbir àquela frustração de que falava.

e em que ficamos? resigno-me à minha natureza? aprendo a lidar com a frustração? adquiro mais paciência para me moldar aos poucos à imagem daquilo que pretendo para mim?

é.
é da minha natureza.

quarta-feira, setembro 19, 2007

m e l a n c h o l y

Closer é um filme que mexe comigo.
E provavelmente, mexerá sempre, independentemente da fase, dos altos ou dos baixos. Há coisas que nos fazem sentido.

(e, num momento irónico, o meu shuffle decidiu ir parar a Summer 78)

quarta-feira, setembro 12, 2007

Formação de Formadores

- Então Carina, qual é o teu maior defeito?

- humm... sou demasiado auto-crítica.

- Como assim?

- Falo pelos cotovelos, tenho passividade a estragar-me a assertividade acima da média, tenho o hábito de por smileys em vez de pontos finais ;), complico demasiado as coisas e sinto por vezes que tenho necessidade de arranjar dramas na minha vida diária, sou muito desarrumada e preguiçosa.

- ahh... Mas isso de saber os defeitos que se tem é uma qualidade, isso a que chamas de ser auto-crítica.

- Ai é? A mim parece-me que a ignorância pode ser uma benção. Principalmente quando sei que sou assim e não vejo grandes mudanças.