quarta-feira, outubro 17, 2007

Justiça

Assusta-me a maneira como as pessoas, hoje em dia, percebem a lei e ajuizam condutas e acções.
A lei, a meu ver, serve para nos servir e defender.
Acredito que por detrás de toda a complexidade deste sistema, se podem isolar apenas algumas leis, linhas mestras de toda a nosssa conduta, que todos saberíamos e, principalmente, pudéssemos sentir.
Assusta-me a maneira como se defendem leis abstractas e arbitrárias, que não servem nem defendem.
Estamos numa época de inquisição, em que é mais importante a falsa sensação de igual aplicação da lei, em todos os casos, do que o genuíno bom senso.
Estamos numa época de grande injustiça.

Pois passado este trecho de grande justiça poética e de, concerteza, grande aclamação, deixem-me substituir as palmas pelos assobios (obviamente, estou a falar de futebol).

A razão desta introdução foi o recente caso Scolari.
Perdão, mas parece-me completamente extremada a opinião maioritária, de que o homem deveria ser definitivamente afastado de toda e qualquer actividade ao serviço da Selecção Nacional.
Caramba, é assim tão grave um indivíduo passar-se da cabeça e sentir o punho a mover-se em direcção às fuças do infame biltre?
Tratando-se de um caso isolado (e estamos a falar de alguns anos de carreira...), não me parece. Parece-me a mim tratar-se, de um acto cometido por alguém que vive a selecção e, excepcionalmente, se passou da cabeça e cometeu um erro. Pois eu tenho mais respeito por este tipo de homem do que pelos muitos avaros que passaram por lá e se serviram dela.

E perguntam vocês:

- Ah e tal, tu és jovem, e os jogadores/árbitros que são duramente castigados em casos de agressão?

Na perspectiva de que a lei serve para defender e servir, os jogadores/árbitros são intervenientes directos da partida. A quantidade de condicionantes e factores que podem proporcionam situações de conflicto é enorme. Ora, se não houver leis bastante rígidas nesta situação, é o desporto que sofre, ou melhor, os seus intervenientes. É necessário protegê-los, castigando-os.

- Então e a violência, não se deve dar um exemplo forte perante este tipo de situações? Por isso é que o mundo está assim...

Não.
Acho que se deve distinguir uma palmada de raiva, de outras situações mais graves. A primeira até pode ser saudável, gerar respeito e resolver conflictos. Não tem nada a ver com a cobardia e a falta de respeito pela vida e dignidade humanas, de que o mundo tanto sofre.

Tenho medo de que tenhamos perdido a humanidade e o bom senso, ao julgar os outros.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pensava que era de conhecimento público que uma boa palmada nunca fez mal a ninguém. Diria até que nos dias que correm muitas boas palmadas ficaram por dar. (e não tou a falar dessas palmadas.. pervertidos)

3:13 da tarde  
Blogger APC said...

Mas um tipo puxa do punho atrás e assenta na cara da sua companheira e dos putos dia após dia e, quanto muito, o tribunal diz-lhe que não se pode mais aproximar deles até X metros, mas ninguém lá fica a ver.

... A injustiça da desproporcionalidade!

5:59 da tarde  

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