terça-feira, agosto 30, 2005
Depois de uma semana agonizante de dores de barriga, eis que acordo com a dor de garganta da praxe, resultante do excesso de tabaco que o Verão me traz. Já sabe a qualquer coisa, mas a cabeça anda esquisita. Esquisita.
segunda-feira, agosto 22, 2005
Road Trip
Estava espojada no sofá a ver as Gilmore Girls (Fox Life, todos os dias às 17h30) e fiquei triste com o facto de ainda não ter despachado o relatório de estágio. Se o tivesse feito, podia aproveitar uma semaninha de Verão de Setembro para ir passear, talvez acampar. Ir a Coja. Acho que me fazia bem ir a Coja uns dias, sugar a energia que aquele lugar me dá sempre.
Dói-me a cabeça, falta de café. Tenho fome, porque estou de dieta (risos) e não posso comer quase nada. Foi bom acordar ontem sem ressaca e dormir a tarde toda.
Mas eu quero mais que isto. Este Verão não me está a saber a nada agora. Meia desperta, meia a dormir, quero muito mais que isto.
Dói-me a cabeça, falta de café. Tenho fome, porque estou de dieta (risos) e não posso comer quase nada. Foi bom acordar ontem sem ressaca e dormir a tarde toda.
Mas eu quero mais que isto. Este Verão não me está a saber a nada agora. Meia desperta, meia a dormir, quero muito mais que isto.
Is it me?
Se calhar estou só a ficar velha e sem paciência.
Um bicho rabugento.
Edit: E nisto deu-me para fazer algo que me apetecia fazer há muito tempo. Temos novo template (apesar de ainda ir tentar rebentar com este azul e roxo aí ao lado) e o sistema de comments fascista, que é como quem diz que dá para apagar os que não gostamos. Apagaram-se os antigos, mas algum dia teria de ser. Espero que gostem do novo e melhorado vestido deste blog.
Um bicho rabugento.
Edit: E nisto deu-me para fazer algo que me apetecia fazer há muito tempo. Temos novo template (apesar de ainda ir tentar rebentar com este azul e roxo aí ao lado) e o sistema de comments fascista, que é como quem diz que dá para apagar os que não gostamos. Apagaram-se os antigos, mas algum dia teria de ser. Espero que gostem do novo e melhorado vestido deste blog.
E agora a vida começa
E agora a vida começa
Como se tivesse aprendido nada
Como se tudo o decidido fosse fútil
Como se, só agora, tivesse sido iluminado
Agora o preto é só preto
Agora o branco é só branco
E a sua mistura só um tom de cinzento
Cada som e só um som
Novo
Inexplorado
Nada até hoje foi sentido
E é tão bom nada saber
E tudo é tão novo e inesperado
E em tudo há um novo significado
Renascer
Voltar a viver
Observar
Aprender
Sentir
...uhmm...
Há novas sensações
E tão bom é senti-las novamente
Que liberdade!
Bem vindo de volta
Novo mundo, tão intensamente esperado
Obrigado vida!
És um espetáculo
Como se tivesse aprendido nada
Como se tudo o decidido fosse fútil
Como se, só agora, tivesse sido iluminado
Agora o preto é só preto
Agora o branco é só branco
E a sua mistura só um tom de cinzento
Cada som e só um som
Novo
Inexplorado
Nada até hoje foi sentido
E é tão bom nada saber
E tudo é tão novo e inesperado
E em tudo há um novo significado
Renascer
Voltar a viver
Observar
Aprender
Sentir
...uhmm...
Há novas sensações
E tão bom é senti-las novamente
Que liberdade!
Bem vindo de volta
Novo mundo, tão intensamente esperado
Obrigado vida!
És um espetáculo
sexta-feira, agosto 19, 2005
Anda. Vê.
Anda
Vem passear pelo meu mundo
Vamos fazer uma visita guiada
Vamos primeiro passar pela felicidade
Aquilo que ali vês é o meu sangue
...
Derramado sobre o teu sangue
Foi assim que fomos um
Assim fomos uma só felicidade
Vamos ver agora a minha angústia
Aquilo que ali vês é o meu sangue
Mas agora, já lá não está o teu
Repara como se espalha pelo solo
Vê como a terra o absorve e o torna seu também
É essa a minha angústia
Agora vamos ver a minha tristeza
Aquilo que ali vês é onde estava o meu sangue
Agora é só terra
Nota como está de côr encarnada
E encarnada é a minha tristeza
Vejamos agora a solidão
Aquilo que ali vês...
Já não vês nada
Não há mais nada para ver
Então vou derramar esta lágrima
Para que não só o sangue a terra sinta
E é assim que vais ver
Vê
Esta... é a minha saudade
Vem passear pelo meu mundo
Vamos fazer uma visita guiada
Vamos primeiro passar pela felicidade
Aquilo que ali vês é o meu sangue
...
Derramado sobre o teu sangue
Foi assim que fomos um
Assim fomos uma só felicidade
Vamos ver agora a minha angústia
Aquilo que ali vês é o meu sangue
Mas agora, já lá não está o teu
Repara como se espalha pelo solo
Vê como a terra o absorve e o torna seu também
É essa a minha angústia
Agora vamos ver a minha tristeza
Aquilo que ali vês é onde estava o meu sangue
Agora é só terra
Nota como está de côr encarnada
E encarnada é a minha tristeza
Vejamos agora a solidão
Aquilo que ali vês...
Já não vês nada
Não há mais nada para ver
Então vou derramar esta lágrima
Para que não só o sangue a terra sinta
E é assim que vais ver
Vê
Esta... é a minha saudade
quinta-feira, agosto 18, 2005
Lua Cheia. Uma noite, não tão igual às outras.
Lembro-me de uma noite. Tinha 12 anos. Creio que foi a minha primeira noite em branco. Curioso pensar numa noite com uma cor como o branco. Lembro de me ter deitado e não conseguir dormir. Dei mil voltas entre os lençois e a almofada era desconfortável. Por mais que tentasse, fechar os olhos era mais um tormento que uma benção. Não dormia. Quando olhei o relógio na mesa de cabeçeira, marcava meia-noite e meia.
A minha cama estava encostada a uma parede, e mesmo por cima da minha cama estava a janela do meu quarto. Como não conseguia dormir, sentei-me na cama, sobre os meus joelhos, e olhei a paisagem que se via da janela. Observei a encosta que ladeava o bairro onde morava. A minha casa era quase no topo da encosta. Essa janela dava para as traseiras da minha casa onde não existiam casas e a vista permitia ver a encosta verde da serra. Durante a noite não era mais que uma superfície de ervas negras que se moviam ao sabor do vento. Para lá da encosta a paisagem extendia-se entre campos e aglomerados de habitações, num vale que se extendia até ao horizonte em todas as direcções.
Foi precisamente o horizonte que fiquei a olhar. E havia algo estranho. Algo começava a surgir por detrás do horizonte. Um corpo de cor alaranjada muito forte. De ínicio não era mais que um pequenissimo meio circulo. Mas não tardou a começar a elevar-se mais alto e a mostrar-se cada vez mais. Até que se mostrou completamente. Fiquei pretrificado, quase hipnotizado a observar. Era tão belo e estranho ao mesmo tempo. Fascinante.
Mas não conseguia perceber que objecto estranho era aquele. Observei-o durante mais uns minutos, enquanto ainda mantinha a mesma cor, e continuava a elevar-se nos céus, grande, muito grande, cada vez mais afastado do horizonte.
Fui deitar-me novamente. Continuava agitado e sem conseguir dormir. A imagem do grande circulo laranja, no céu escuro da noite, continuava no meu pensamento. Decidi ir espreita-lo novamente. Já passava das duas horas da manhã.
Desta vez percebi o que era! Já se encontrava bem mais alto no céu. A sua cor era agora amarelada. Já não parecia tão grande, mas não deixava de o continuar a ser.
Fiquei a observa-la. Agora já era branca. Brilhante como prata. Grande. A paisagem agora era diferente. A encosta ja não era escura. Tudo parecia iluminado. Agora as ervas que bailavam ao vento eram de um verde escurecido, mas ao mesmo tempo brilhavam. Tudo parecia iluminado.
Pela primeira vez na minha vida via a Lua Cheia desde o momento que se começava a mostrar por detrás do horizonte, até ser rainha no céu da noite.
Observei-a até deixar de a poder ver. Desapareceu por detrás do horizonte, passadas algumas horas. Voltei a deitar-me, depois de uma noite de vigilia silenciosa. Desde esse dia, que não mais voltei a esquecer, que falo com ela em pensamento. É a minha melhor amiga.
Esta noite vai ser de Lua Cheia. E eu sei que vou, mais uma vez, falar com ela. Creio que agora sou só um lunático. A Lua é a minha deusa. A noite é o seu templo.
A minha cama estava encostada a uma parede, e mesmo por cima da minha cama estava a janela do meu quarto. Como não conseguia dormir, sentei-me na cama, sobre os meus joelhos, e olhei a paisagem que se via da janela. Observei a encosta que ladeava o bairro onde morava. A minha casa era quase no topo da encosta. Essa janela dava para as traseiras da minha casa onde não existiam casas e a vista permitia ver a encosta verde da serra. Durante a noite não era mais que uma superfície de ervas negras que se moviam ao sabor do vento. Para lá da encosta a paisagem extendia-se entre campos e aglomerados de habitações, num vale que se extendia até ao horizonte em todas as direcções.
Foi precisamente o horizonte que fiquei a olhar. E havia algo estranho. Algo começava a surgir por detrás do horizonte. Um corpo de cor alaranjada muito forte. De ínicio não era mais que um pequenissimo meio circulo. Mas não tardou a começar a elevar-se mais alto e a mostrar-se cada vez mais. Até que se mostrou completamente. Fiquei pretrificado, quase hipnotizado a observar. Era tão belo e estranho ao mesmo tempo. Fascinante.
Mas não conseguia perceber que objecto estranho era aquele. Observei-o durante mais uns minutos, enquanto ainda mantinha a mesma cor, e continuava a elevar-se nos céus, grande, muito grande, cada vez mais afastado do horizonte.
Fui deitar-me novamente. Continuava agitado e sem conseguir dormir. A imagem do grande circulo laranja, no céu escuro da noite, continuava no meu pensamento. Decidi ir espreita-lo novamente. Já passava das duas horas da manhã.
Desta vez percebi o que era! Já se encontrava bem mais alto no céu. A sua cor era agora amarelada. Já não parecia tão grande, mas não deixava de o continuar a ser.
Fiquei a observa-la. Agora já era branca. Brilhante como prata. Grande. A paisagem agora era diferente. A encosta ja não era escura. Tudo parecia iluminado. Agora as ervas que bailavam ao vento eram de um verde escurecido, mas ao mesmo tempo brilhavam. Tudo parecia iluminado.
Pela primeira vez na minha vida via a Lua Cheia desde o momento que se começava a mostrar por detrás do horizonte, até ser rainha no céu da noite.
Observei-a até deixar de a poder ver. Desapareceu por detrás do horizonte, passadas algumas horas. Voltei a deitar-me, depois de uma noite de vigilia silenciosa. Desde esse dia, que não mais voltei a esquecer, que falo com ela em pensamento. É a minha melhor amiga.
Esta noite vai ser de Lua Cheia. E eu sei que vou, mais uma vez, falar com ela. Creio que agora sou só um lunático. A Lua é a minha deusa. A noite é o seu templo.
terça-feira, agosto 16, 2005
:)
Depois de uma noitada a resmungar no meio de um mar de papelada confusa (quem me manda ser desorganizada?), o dia lá nasceu radiante. As férias já acabaram e ainda cheira a Verão (aquele Verão que me vai ficar na memória por ter sido tão diferente-bom). Fim de semana que se aproveita melhor.
Talvez esteja numa altura perigosa para me sentir optimista, mas estou ( mesmo depois de ter estado até às 5h da manhã para fazer corrigir meia dúzia de gráficos). As coisas podem acontecer ao seu próprio ritmo, desde que haja um compromisso e limites impostos previamente.
(agora soa bem, mas quase que me lixei com esta brincadeira)
Why don't you save me
If you could save me
From the ranks of the freaks
Who suspect they could never love anyone
Talvez esteja numa altura perigosa para me sentir optimista, mas estou ( mesmo depois de ter estado até às 5h da manhã para fazer corrigir meia dúzia de gráficos). As coisas podem acontecer ao seu próprio ritmo, desde que haja um compromisso e limites impostos previamente.
(agora soa bem, mas quase que me lixei com esta brincadeira)
Aaaahhhh..... Que PAZ.
C'mon and save meWhy don't you save me
If you could save me
From the ranks of the freaks
Who suspect they could never love anyone
sexta-feira, agosto 12, 2005
Estou farto do meu quarto.
Parece-me escuro e desinteressante.
Talvez precise de uma arrumadela; está demasiado parecido e já pergunto se será culpa do quarto.
Talvez precise de algum perfume, não sei. De qualquer maneira, dou mais importância à luz, apesar de ser mais fugaz.
Tenho aqui coisas de que precisava de deitar fora mas ainda não posso. Só não tirava uma, porque talvez possa durar mais do que eu, e isso fascina-me.
A música que estou a ouvir é boa, agora. Hoje ouvi "when the summer is gonne , where will we be?" e isso faz mais sentido do que nunca, por razões completamente diferentes das de sempre.
Never get so attached to a poem
you forget truth that lacks lyricism;
never draw so close to the heat
that you forget that you must eat.
Tic, tac.
Parece-me escuro e desinteressante.
Talvez precise de uma arrumadela; está demasiado parecido e já pergunto se será culpa do quarto.
Talvez precise de algum perfume, não sei. De qualquer maneira, dou mais importância à luz, apesar de ser mais fugaz.
Tenho aqui coisas de que precisava de deitar fora mas ainda não posso. Só não tirava uma, porque talvez possa durar mais do que eu, e isso fascina-me.
A música que estou a ouvir é boa, agora. Hoje ouvi "when the summer is gonne , where will we be?" e isso faz mais sentido do que nunca, por razões completamente diferentes das de sempre.
Never get so attached to a poem
you forget truth that lacks lyricism;
never draw so close to the heat
that you forget that you must eat.
Tic, tac.
segunda-feira, agosto 08, 2005
Preparativos
E porque quebrar rotinas é um passo importante na vida de cada indivíduo, aí vou eu para o Algarve amanhã.
Abdiquei de um dia genial de praia para vir para casa tratar dos preparativos pré-férias: fazer a mala (70% feita), limpar a cozinha (40%), lavar roupa e loiça (20%) e tratar de umas encomendas que tenho que mandar esta semana (0%).
A paz interior da semana passada foi abafada por esta puta de ressaca que acordou comigo. Agora sim, já parece Verão. Agora sim, tenho vontade de fugir à rotina do costume. Agora gostava de não beber tanto. De não pensar tanto nas coisas, de não ser tão sensível com as pessoas, tão rabugenta, tão isto.
Eu preciso de ir.
Eu devo a mim própria ir.
E num misto de ressaca, noite mal dormida, sensação de ter mil coisas para fazer e não as ter feito (como se descreve isto numa só palavra?), hoje, agora, neste instante, apetece-me fugir. Não do que tenho agora, mas do que está para vir.
Bem sei. Não estou a fazer sentido nenhum. Consegui rebentar com metade dos neurónios numa noite, isto promete.
Bom, até para a semana. Over and out.
Abdiquei de um dia genial de praia para vir para casa tratar dos preparativos pré-férias: fazer a mala (70% feita), limpar a cozinha (40%), lavar roupa e loiça (20%) e tratar de umas encomendas que tenho que mandar esta semana (0%).
A paz interior da semana passada foi abafada por esta puta de ressaca que acordou comigo. Agora sim, já parece Verão. Agora sim, tenho vontade de fugir à rotina do costume. Agora gostava de não beber tanto. De não pensar tanto nas coisas, de não ser tão sensível com as pessoas, tão rabugenta, tão isto.
Eu preciso de ir.
Eu devo a mim própria ir.
E num misto de ressaca, noite mal dormida, sensação de ter mil coisas para fazer e não as ter feito (como se descreve isto numa só palavra?), hoje, agora, neste instante, apetece-me fugir. Não do que tenho agora, mas do que está para vir.
Bem sei. Não estou a fazer sentido nenhum. Consegui rebentar com metade dos neurónios numa noite, isto promete.
Bom, até para a semana. Over and out.
sexta-feira, agosto 05, 2005
Moods
Esta última semana trouxe-me algo que já não sentia há muito tempo: paz interior.
A vida não tem sempre de estar entro o 8 e o 80, de ser uma merda tremenda ou intensamente bestial. Às vezes sabe bem estar calma, em paz e feliz.
A vida não tem sempre de estar entro o 8 e o 80, de ser uma merda tremenda ou intensamente bestial. Às vezes sabe bem estar calma, em paz e feliz.
terça-feira, agosto 02, 2005
Tenho um reportório de cerca de 100 poemas escritos. Porque é que os escrevi? Não sei. Na generalidade foi uma fúria que me deu. Uma dor que senti. Uma angústia que não controlei. Uma emoção e um sentimento aliados a um tempo esquecido.
Grande parte deles não têm qualquer valor literário para mim. Ao longo dos anos perguntaram-me - Porque é que não editas um livro? Dá-me vontade de rir. Não foi para isso que os escrevi. A poesia para mim é o espantar dos fantasmas que me perseguem.
Nunca li muito ao longo da minha vida. Tive periodos de actividade literária imensa e intensa, e muitos e longos periodos em que nem para um livro olhara.
Não me considero um bom poeta. Creio que sempre escrevi com a intenção, secundária é certo, de o mostrar a alguém. Hoje leio o que escrevi há 5 anos, e relembro o momento em que o fiz, o que senti, o que tinha na minha mente.
Para mim:
Poesia é escrever por gosto de o fazer. Essa é a última das verdades da poesia, e no entanto a maior delas. Se possível fosse descrevê-la, então creio que nunca mais na minha vida numa caneta pegaria.
Tenho periodos de escrita intensa, alternados por ainda maiores periodos sem escrever. Um bocado como a minha actividade literária. Mas a poesia tem um bichinho. Durante esses periodos em que não escrevo, urge em mim, de vez em quando, a vontade de o fazer. No entanto não o consigo sequer pensar, as palavras não saiem. A poesia não se escreve por querer, escreve-se porque tem de se escrever, porque se não o fizer, vou-me arrepender. Vou prender algo que corrói a minha mente. A poesia tem de se libertar, é algo que não posso acorrentar aos recantos do meu pensamento.
Infelizmente, e como não poderia deixar de ser, aquela que considero a minha obra-prima, pelo menos até aos dias que correm, ficou perdida para sempre na indiferença da pessoa a quem a ofereci. Parece ser este o fado da minha vida. Ainda a guardou durante muito tempo. Já nem me lembrava que um dia a tinha escrito, e muito menos que lha tinha oferecido, quando um dia a mim ma mostrou. Quando acabei de o ler olhei para essa pessoa e perguntei-lhe aquilo que nunca pensaria perguntar sobre algo da minha autoria - Quem é que escreveu isto? Quando ouvi a resposta fiquei parvo e voltei a lê-lo. Não conseguia acreditar que um dia, num momento de profunda e eterna inspiração, eterna porque ali ficou gravado, poderia alguma vez escrever algo como o que acabava de ler. Afinal não era eterna... ficou perdido. Nunca mais o vou poder ler. E choro por um poema, meu ou de outro alguém, isso não interessa. Nunca ninguém o devia fazer. O belo não é para chorar, é para viver.
Grande parte deles não têm qualquer valor literário para mim. Ao longo dos anos perguntaram-me - Porque é que não editas um livro? Dá-me vontade de rir. Não foi para isso que os escrevi. A poesia para mim é o espantar dos fantasmas que me perseguem.
Nunca li muito ao longo da minha vida. Tive periodos de actividade literária imensa e intensa, e muitos e longos periodos em que nem para um livro olhara.
Não me considero um bom poeta. Creio que sempre escrevi com a intenção, secundária é certo, de o mostrar a alguém. Hoje leio o que escrevi há 5 anos, e relembro o momento em que o fiz, o que senti, o que tinha na minha mente.
Para mim:
Poesia é escrever por gosto de o fazer. Essa é a última das verdades da poesia, e no entanto a maior delas. Se possível fosse descrevê-la, então creio que nunca mais na minha vida numa caneta pegaria.
Tenho periodos de escrita intensa, alternados por ainda maiores periodos sem escrever. Um bocado como a minha actividade literária. Mas a poesia tem um bichinho. Durante esses periodos em que não escrevo, urge em mim, de vez em quando, a vontade de o fazer. No entanto não o consigo sequer pensar, as palavras não saiem. A poesia não se escreve por querer, escreve-se porque tem de se escrever, porque se não o fizer, vou-me arrepender. Vou prender algo que corrói a minha mente. A poesia tem de se libertar, é algo que não posso acorrentar aos recantos do meu pensamento.
Infelizmente, e como não poderia deixar de ser, aquela que considero a minha obra-prima, pelo menos até aos dias que correm, ficou perdida para sempre na indiferença da pessoa a quem a ofereci. Parece ser este o fado da minha vida. Ainda a guardou durante muito tempo. Já nem me lembrava que um dia a tinha escrito, e muito menos que lha tinha oferecido, quando um dia a mim ma mostrou. Quando acabei de o ler olhei para essa pessoa e perguntei-lhe aquilo que nunca pensaria perguntar sobre algo da minha autoria - Quem é que escreveu isto? Quando ouvi a resposta fiquei parvo e voltei a lê-lo. Não conseguia acreditar que um dia, num momento de profunda e eterna inspiração, eterna porque ali ficou gravado, poderia alguma vez escrever algo como o que acabava de ler. Afinal não era eterna... ficou perdido. Nunca mais o vou poder ler. E choro por um poema, meu ou de outro alguém, isso não interessa. Nunca ninguém o devia fazer. O belo não é para chorar, é para viver.
segunda-feira, agosto 01, 2005
Oblivion
At night, of course, our town
though emptied forever, comes to life.
There, our dreams wander like clouds,
illuminate windows with moonlight.
There trees live by unwavering memories,
remember the touch of hands.
How bitter for them to know
there will be no one for their shade
to protect from the scorching heat!
At night their branches quietly rock
our inflamed dreams.
Stars thrust down
onto the pavement,
to stand guard until morning . . .
But the hour will pass . . .
Abandoned by dreams,
the orphaned houses
whose windows
have gone insane
will freeze and bid us farewell! . . .
Liubov Sirota
though emptied forever, comes to life.
There, our dreams wander like clouds,
illuminate windows with moonlight.
There trees live by unwavering memories,
remember the touch of hands.
How bitter for them to know
there will be no one for their shade
to protect from the scorching heat!
At night their branches quietly rock
our inflamed dreams.
Stars thrust down
onto the pavement,
to stand guard until morning . . .
But the hour will pass . . .
Abandoned by dreams,
the orphaned houses
whose windows
have gone insane
will freeze and bid us farewell! . . .
Liubov Sirota