sábado, maio 27, 2006

List

passada a fase deprimente da adolescência, acabamos por andar todos a procurar o mesmo. de uma maneira ou de outra, acabamos todos no mesmo rodilho de emoções, de desejos, de apatias, de desilusões, de objectivos não concretizados.
há uma nébula de insatisfação que nos rodeia a todos, escondida por fumo de cigarros nervosos, de copos de imperial que se acumulam, de conversas puxadas pelos copos. e rimos, rimos todos de tão infelizes que somos, quando andamos todos à procura do mesmo, quando nos envergonhamos por sentir coisas que não são justas, com tanta miséria no mundo, nós temos tudo, nós temos tudo, mas acabamos por não ter nada. acabamos por ser um mar de gente infeliz, que chora quando está sozinha, que não consegue estar sozinha, porque as paredes gritam connosco, elas gritam e mostram a merda em que nos tornamos, apontam com escárnio os erros que cometemos e não nos deixam esquecer.
então rimos, e esticamos a noite até ser de manhã, porque a noite é o que nos mete mais medo, a noite rodeia-nos e cerca-nos a solidão. porque estamos todos sozinhos, de uma maneira ou de outra, já não há mão que nos ampare e não nos podemos ter uns aos outros porque somos todos uns egoístas, uns egoístas aterrorizados com o amanhã, porque o hoje não vale nada.

quinta-feira, maio 18, 2006

One of those days

Comecei o dia sem café porque me deixei ficar mais 3 minutos na cama.
Eu ponho o despertador com o tempo contado, todos os minutos a mais de sono são preciosos. Não sou como aquelas pessoas que adiantam 30 minutos o relógio para poderem ficar na cama a vegetar (e que depois não nos avisam quando vamos lá dormir e, por isso, nos levantamos instantaneamente e reparamos que chegamos 30 minutos mais cedo que o suposto - e que dormimos menos meia hora, consequentemente). Tomo banho em 7 minutos, visto-me em 5 e bebo café em 3, pelo o que o meu despertador toca 15 minutos antes da minha irmã me vir buscar. Quando ela se atrasa, posso beber café em 5 minutos e ainda tenho tempo de ver o mail.
A roupa está em cima da cadeira (geralmente é a que vesti no dia anterior depois de tomar banho, para me libertar do maldito pó cor de laranja - cor de tijolo mesmo, mas.. isso é óbvio), a mala está cheia de tricots, livros e cereais para o dia seguinte.
Quando recebo o toque, basta ir buscar o iogurte ao frigorífico e descer.

Mas hoje fiquei mais 3 minutos na cama, por isso não tive tempo de beber café.
Isto é quase como desafiar o Universo. Quer dizer, eu já bebia derivados de café mesmo antes de aprender a ler. Comecei com a cevada aos 4 anos (porque queria imitar o meu pai - outro aficcionado - mas ele não me deixava beber o nescafé), passei para a mistura (Brasa) aos 8 ou 9 e aos 13 o meu pai iniciou-me no carioca, que por sua vez me deu o empurrão para a cafeína pura e dura, no seu mais perfeito estado natural: o café solúvel (riam-se vá, digam que o café solúvel é merdoso, digam. Gozem comigo por causa da chávena de dimensões astronómicas com que empurro as torradas de manhã. Eu gosto).
Ora, se tenho este hábito desde os 4 anos, o meu corpo, que tão bem se habitua às rotinas, e, principalmente, o meu estado de espírito, não podiam estar a funcionar correctamente.

Foi um dia merdoso.
Primeiro por mea culpa (mesmo esquecendo o incidente da ausência de café) porque reservei grandes expectativas para o dia de hoje, e depois porque dormi mal e porcamente e estou deveras cansada.
Vim o caminho todo de comboio (uns longos 10 minutos) a pensar se não seria melhor assim, continuar em part-time, continuar a ter tempo para fazer o que gosto - tricotar - e fazer disso o meu emprego a full time.

Quer dizer, os meus pais gastaram rios de dinheiro com a minha educação superior, mas também não podiam dizer que eu não pratico a geologia. Pratico sim, como hobbie. Gosto da cerâmica, gosto de tijolos, sempre gostei. Estou a conhecer pessoas novas, a descobrir coisas novas e a fazer uma coisa repetitiva sim, mas de que gosto.
É um óptimo hobbie.
Pensei então em ser mais disciplinada com o meu full-time. Se eu fizesse uma peça pequena por dia, no meio das minhas invenções, ao fim do mês tinha 30 peças. Se fizesse peças maiorzinhas em 2 dias, ao fim do mes tinha 15. Se eu vendesse essas peças por 10 a 20 euros, ao fim do mês tinha mais 300 euros na conta.

Bah. Merda. Afinal não é um full-time muito rentável. Confesso que só agora fiz as contas.

Anyway, tal como um alcoólico se consola na bebida, eu passei pela loja de lãs e comprei o suficiente para fazer uma camisola para mim.
E vai ser a camisola mais bonita que o mundo já viu.
Isso vale mais que mais do dobro do salário.

domingo, maio 14, 2006

Peaceful

Por momentos pensei que me tinha perdido.

Há uma fábula de Esopo, que adoro, mas que não tenho cá em casa para a transcrever correctamente, por isso deixo-vos uma adaptação.

Um escorpião encontra um sapo na margem de um rio e como não sabia nadar, pede ao sapo para o ajudar a atravessar para o outro lado. O sapo olha para ele com desconfiança e diz-lhe:
- Nada feito, se eu te ajudar vais-me picar e eu morro.
- Mas isso não tem lógica nenhuma, eu não sei nadar e se te picar eu morro também – replicou o escorpião.

Perante esta resposta e a insistência do escorpião, o sapo cede e deixa o escorpião subir-lhe para as costas. A meio do percurso o sapo sente uma picada e o veneno do escorpião a invadir-lhe o corpo e a paralisar-lhe os membros. À medida que se vai afundando, o sapo consegue ainda dizer:
- Porque foste fazer uma coisa destas? Agora vamos morrer os dois... - lamentou o sapo.
- Eu sei, – respondeu o escorpião – mas não consigo evitar, é a minha natureza.



Por momentos pensava que me tinha perdido. Mas não consigo evitar, é a minha natureza. Estou condenada a isto e começo a habituar-me.
Passado uns tempos, deixa de doer tanto.

quarta-feira, maio 10, 2006

Oh yeah baby

Your Stripper Song Is

Closer by Nine Inch Nails

"You let me violate you, you let me desecrate you
You let me penetrate you, you let me complicate you
Help me I broke apart my insides, help me I've got no
Soul to tell"

When you dance, it's a little scary - and a lot sexy.


Bom, uma coisa é certa. Quando eu me ponho a dançar, há qualquer coisa de assustador nisso. lol

segunda-feira, maio 08, 2006

Agora só mesmo a cabeça do Couceiro num pau

Tendo sempre em mente que há cerca de um milhão de coisas mais importantes que o futebol, o que é certo é que quem experimenta a sensação de ver o seu clube de futebol de eleição descer de divisão, sabe que há que procurar responsáveis por tal.

E sim, este post vai ser sobre futebol.

Com o historial que o belém já tem, e por não ter conseguido mais do que 3 pontos nos últimos 3 jogos decisivos, contra equipas totalmente acessíveis, já esperava o pior. Uma derrota contra o Gil Vicente que, tal como nós, precisava de ganhar, parecia quase certa. Pois sempre que precisamos dos últimos 3 pontos da última jornada, mais que não seja para subirmos na tabela classificativa, não conseguimos. E viva o Moreirense que nos impediu de descer há dois anos atrás com uma vitória que empurrou o Alverca para a Divisão de Honra.

O que falhou aqui?
Lá diz o ditado, que se não é ditado, passa a ser, quem não quer ganhar, acaba por perder. Custou-me ver o resumo de um jogo onde dominou Gil os 90 minutos, com uns meninos borrados nos últimos minutos, a tentar (tarde demais) tudo por tudo para ganhar o ponto que garantia a manutenção.
E aquele Couceiro, feita barata tonta, cheio de nervoso, a andar de um lado para o outro, como quem diz, epá, olha que os outros conseguiram ganhar, vamos descer, toca a mexer.

E sai-me aquela conferência de imprensa totalmente descabida, onde, e passo a citar (via Bola):
«Mas nunca nos passou pela cabeça que isto pudesse acontecer. Estamos completamente desolados»
Ai não? Que engraçado, eu já há semanas que andava com o coração ao peito. Parece que o senhor Couceiro foi o único que não se apercebeu que corriamos o risco de vir parar "lá abaixo" caso não ganhassemos o jogo. É que depender apenas de nós próprios parece-me muito mais simples que o caso do Rio Ave e Guimarães (nossos companheiros de viagem).
Mas não, aquele senhor manteve a mesma postura que adquiriu durante as férias que foi passar ao nosso clube, como se fosse absolutamente normal perder 8 jogos seguidos, descer pela tabela abaixo a olhos vistos, com uma equipa da qualidade que temos, com o melhor marcador da Superliga, como se fosse bom para o ambiente e moral arrancar o Marco Aurélio da baliza, esse colosso guarda-redes nacional, totalista da Superliga por 3 anos seguidos.

E pois que quem não ganha arrisca-se a perder, acabamos por descer.
E o que diz o senhor Couceiro?
«Há muitos que vão sofrer, o Belenenses em primeiro lugar, com os seus dirigentes, que não merecem esta descida. Mas há outros que vão continuar como se nada fosse com eles»
A que se refere ele? Quem é essa entidade misteriosa a que chama de "Outros"? Será uma referência à conhecida série Norte-Americana Lost? Quem são os outros maléficos que provocaram a descida do Belém e que vão continuar por aí como se nada fosse?

Senhor Couceiro, a título de crítica construtiva deixo-lhe a dica: só fica bem assumir os erros, as culpas, o que correu mal. Senhor Couceiro, fingir que não se tinha apercebido de que isto poderia acontecer não lhe fica nada bem.
Senhor Couceiro, se eu fosse dirigente do Clube de Futebol, Os Belenenses, essa grande instituição, este grande clube onde os jogadores deveriam ter orgulho de usar a cruz de Cristo ao peito, o senhor só tinha duas alternativas: respeitar o ano de contrato que lhe diz respeito, como treinador adjunto, para ver se aprendia alguma coisa, ou então ver a sua cabeça empaulada à porta do Restelo para que os outros fossem avisados: fareis mal a este clube e eís o que vos espera.

Agora faça o favor de rastejar para a pedra de onde saiu.

sexta-feira, maio 05, 2006

Sinais de Fogo

Ontem comprei um livro.
Até aqui, nada de novo. Mas era novo. Vinha enroladinho em papel celofane e tudo.
Estou a um passo de me tornar uma cabra elitista, é o que é.

EU gosto da textura

Sabes aqueles dias que nada interessa?, que não há entusiasmo, nem valor nas coisa em si mesmas?? Não dar valor às mais pequenas coisas, não dar valor a nada! Naqueles momentos que deixamos o corpo morrer inerte na cadeira do café com o cigarro na mão a pensar na física quântica que isso significa... Esses momentos incorpóreos insensíveis que nos deixam sem defesas,.. no exacto momento em que passa alguem que é tudo menos o esperado e ri-se.. Tá bonito tá... Sem defesa acontece o caos e sem amor cresce a paixão de lhe ter tocado nas mamas sem ela saber.... Existem corpos mamários que são por demais perfeitos, a textura conquista corações, o coração delas vive por trás tem lógica..

Crustácio