terça-feira, abril 24, 2007

#654

- Achas que algum dia te vou partir o coração?
- Penso que sim.
- Acho isso difícil. Tanto tempo e nem uma pequena fenda por onde abrir.
- Lembras-te daquela porcelana que a minha mãe guardava religiosamente na vitrine, que nunca usava com medo de estragar? Que trancava a cadeado quando nós eramos crianças para que não lhe tivessemos acesso?
- Sim, lembro-me.
- Pois um dia o móvel caíu, sem aviso. O serviço ficou todo em pedaços. Por toda a parte.
- E então, onde queres chegar?
- Que às vezes gostava de permitir uma pequena fenda de vez em quando. Para que, quando o móvel cair, ao menos sinta que lhe dei uso.

segunda-feira, abril 23, 2007

Nada Quotidiano (porque é o dia do livro)

Eu vivo de pequenos nadas.
Desde que li o livro, do qual pedi emprestado o título para este post, que me apercebi que era como a heroína do romance, cujo nome já não me recordo, que não me vejo sem as minhas ninharias às costas.

Eu sou um bicho de rotinas.

Eu gosto de ler no comboio, aqueles 15 minutos. Gosto de andar devagarinho ao fim da tarde, ver montras de retrosarias e sentir o vento quente da Primavera. Eu gosto de comer cerejas, de rir com os amigos, de fazer um amigo novo.
Gosto de ver um filme que me faz chorar, ou ler uma frase que me faz sonhar. Gosto de sentir o coração apertado, um nó no estômago, aquela dor-boa. Gosto de andar de vestidos, de andar à chuva, de ver velhinhos de mãos dadas, porque me lembram do Amor. Gosto de ouvir música velhinha, dos anos 50, de dançar Frank Sinatra quando ninguém está a ver.
Gosto de me deitar no sofá, a ver anúncios, porque tenho preguiça de mudar de canal.
Gosto de viver aqui, gosto de ter uma vida calma, sossegada, sem grandes alaridos diários, onde fazemos a mesma coisa quase todos os dias.

sexta-feira, abril 20, 2007

Mescla

Há pouco, aqui na rádio do trabalho, passou indivídua de Bonnie Tyler, essa grande senhora. :) Há uma frase que gosto muito, no "Total Eclipse of the Heart":

Once upon a time I was falling in love
But now I'm only falling apart

Acho isto incrível :)

Deixo-vos também com este grande clássico, que tem feito parte da minha vida nos últimos tempos.



Há pessoas que conseguem captar a essência do sentimento português, como Carlos Paredes, por exemplo. É estranho este sentimento, até porque parece que já nasci com ele. Sinto-o de maneira bastante forte, mas não percebo como o interiorizei, como o aprendi. Será uma espécie de memória colectiva, algo entranhado nos nossos genes? Será que isso existe?

quinta-feira, abril 05, 2007

hoje.

Hoje deu-me um aperto na garganta enquanto vinha a pé para a casa, de regresso do trabalho. Quando dei por mim, estava a soluçar no meio da calçada, e com uma vontade enorme de gritar. Gritar e correr.
gritar e correr..
correr.

Enxuguei as lágrimas, assoei o nariz, subi as escadas e aninhei-me na cama a dormir a sesta.

quarta-feira, abril 04, 2007

Paris je t'aime


Ontem fui ao cinema ver, finalmente, o Paris je t'aime.
Um filme colectivo, cheio de pequenas histórias, umas melhores que outras, umas muito boas, outras nem tanto.

Mas foi preciso chegar quase ao fim para sentir aquele aperto do qual eu tanto gosto, que me fez tremer até casa.



Esta foi a minha história preferida.