sábado, maio 27, 2006

passada a fase deprimente da adolescência, acabamos por andar todos a procurar o mesmo. de uma maneira ou de outra, acabamos todos no mesmo rodilho de emoções, de desejos, de apatias, de desilusões, de objectivos não concretizados.
há uma nébula de insatisfação que nos rodeia a todos, escondida por fumo de cigarros nervosos, de copos de imperial que se acumulam, de conversas puxadas pelos copos. e rimos, rimos todos de tão infelizes que somos, quando andamos todos à procura do mesmo, quando nos envergonhamos por sentir coisas que não são justas, com tanta miséria no mundo, nós temos tudo, nós temos tudo, mas acabamos por não ter nada. acabamos por ser um mar de gente infeliz, que chora quando está sozinha, que não consegue estar sozinha, porque as paredes gritam connosco, elas gritam e mostram a merda em que nos tornamos, apontam com escárnio os erros que cometemos e não nos deixam esquecer.
então rimos, e esticamos a noite até ser de manhã, porque a noite é o que nos mete mais medo, a noite rodeia-nos e cerca-nos a solidão. porque estamos todos sozinhos, de uma maneira ou de outra, já não há mão que nos ampare e não nos podemos ter uns aos outros porque somos todos uns egoístas, uns egoístas aterrorizados com o amanhã, porque o hoje não vale nada.