sábado, novembro 26, 2005

Viver no branco. Cores que não existem. Ser na escuridão.

Porque assim o dizes e assim aconteçe, e não devias ter dito coisas que não se dizem. Disseste que o mundo era a cores. Depois dizes que o sol não brilha. E deixas o mundo num negro tenebroso, que não dá azo a viver. De seguida pronuncias-te, dizendo que a Lua existe. E o negro agora é cinzento. O negro agora, é também branco. Viver na penumbra. É assim que eu quero. Aprendi a gostar de silhuetas na penumbra da escuridão. Graças a ti, que já não existes.

Pois! Agora és uma sombra disforme, na forma de lembrança cheia de lacunas na memória, que não mais recorda para além de sensações passadas. De sentimentos, quase perdidos. Alterações no espirito, constantes! Tanto, para descobrir que afinal, sempre foi asim. Vejo sombras na penumbra que existe só. E tu, afinal, deixas de ser uma delas. Que assim seja, se assim já não queres. Vive no teu mundo perdido, de falsas sensações de segurança, se assim o desejas. Se a segurança não chegou quando a tinhas, não penses que será agora que ela vem a ti. Ela nunca vem. Não passa de um placebo que não se deseja admitir.

Negro é o meu mundo. Um negro colorido. Sei eu que não o consegues ver. E ainda bem! Gosto de ser único num mundo assim. Num mundo que só eu vejo. E os outros... limitam-se a achar que o mundo é colorido. Um colorido negro que é branco. Eles não o sabem. Ah penumbra! Gosto de ti! És a fronteira do meu desejo, onde passeio pé ante pé, numa linha fina, que se estende pela imensidão do universo. Que e o atravessa de ponta a ponta, e une todos os seus pontos.

É bom viver no mundo das cores que não o são. Talvez um dia o vejas, tu que já não existes, e passaste ao mundo das formas concretas do pseudo-desejo.

Sou surreal neste mundo. Eu gosto disto, aqui. Acho que vou ficar.