Sábado à tarde
Depois da primeira noite bem dormida de um corpo já habituado à privação do sono, a tarde foi passada a ler.
Li um livro inteiro esta tarde, coisa que não acontecia há pelo menos 6 anos. "Na Penúria em Paris e em Londres", do mesmo Orwell do meu livro de eleição, 1984, que tinha como missão abrir-me os olhos para o mundo, mas que apenas confirmou a minha visão niilista do Amor, do mesmo Orwell do "Triunfo dos Porcos", que o meu pai me ofereceu em BD quando tinha 7 anos e que ainda hoje recordo pelas lágrimas que larguei quando o pobre cavalo velho foi abatido. E pela raiva que senti daqueles porcos capitalistas, mesmo não tendo a noção do capitalismo na altura.
Ao jantar comentei ainda com o meu pai como o tempo passa depressa, já que estou a poucas horas dos 24 anos. O meu pai aos 24 anos estava em Paris, decorria o ano de 1974, o ano da revolução que lhe passou ao lado, porque só voltou a Portugal em 1976 depois de 8 anos em França, onde tirou a carta, aprendeu a falar francês e conseguiu adquirir livros suficientes que envergonhariam a minha pequena biblioteca. Lembro-me da nossa minúscula casa em Dois Portos, com a pequena sala de paredes forradas de estantes saturadas de livros em francês que eu não percebia, mas gostava de ver os bonecos. E lembro-me da insistência dele em nos levar à Fnac parisiense (devem haver dezenas) em Montparnasse, onde, diz ele, comprou metade dos livros que tem.
- Já reparaste que daqui a 26 anos tens a idade do pai?
- Não penso nisso...
- Mas o tempo passa tão depressa...
Mas o tempo passa tão depressa...
Li um livro inteiro esta tarde, coisa que não acontecia há pelo menos 6 anos. "Na Penúria em Paris e em Londres", do mesmo Orwell do meu livro de eleição, 1984, que tinha como missão abrir-me os olhos para o mundo, mas que apenas confirmou a minha visão niilista do Amor, do mesmo Orwell do "Triunfo dos Porcos", que o meu pai me ofereceu em BD quando tinha 7 anos e que ainda hoje recordo pelas lágrimas que larguei quando o pobre cavalo velho foi abatido. E pela raiva que senti daqueles porcos capitalistas, mesmo não tendo a noção do capitalismo na altura.
Ao jantar comentei ainda com o meu pai como o tempo passa depressa, já que estou a poucas horas dos 24 anos. O meu pai aos 24 anos estava em Paris, decorria o ano de 1974, o ano da revolução que lhe passou ao lado, porque só voltou a Portugal em 1976 depois de 8 anos em França, onde tirou a carta, aprendeu a falar francês e conseguiu adquirir livros suficientes que envergonhariam a minha pequena biblioteca. Lembro-me da nossa minúscula casa em Dois Portos, com a pequena sala de paredes forradas de estantes saturadas de livros em francês que eu não percebia, mas gostava de ver os bonecos. E lembro-me da insistência dele em nos levar à Fnac parisiense (devem haver dezenas) em Montparnasse, onde, diz ele, comprou metade dos livros que tem.
- Já reparaste que daqui a 26 anos tens a idade do pai?
- Não penso nisso...
- Mas o tempo passa tão depressa...
Mas o tempo passa tão depressa...
3 Comments:
Oi ana carina, eu estou me sentindo um tanto estranha por vir comentar num blog de alguém q eu nem conheço... mas me interressei imenso pelo oke vc posta. Sou brasileira e moro norte do Brasil, mas de vez em qndo visito a cidade do Porto para ver minha família, e achei seu blog por acaso qnd estava porcurando na internet quem tocava a musik "the heart asks pleasure first" pq o título da musik ñ era suficiente para acha-la. Vc parece ser bem sincera no que diz e tdo q escreves me interessa. Mas ok, soh passei pra dar-te os parabéns pelo blog, mto "fixe", como os poprtugueses dizem=P beijos! tenha uma boa vida:D
quem te recomendou o 1984 devia ser chamado à responsabilidade ;)
beijo
A
Awwwww... you remember :) Já passou tanto tempo, já reparaste? **** Abracinhos revolucionários :)
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