quarta-feira, janeiro 14, 2004

Naquele dia acordara mal. Dormira mal, os pesadelos melhores ainda.
Acordava e (espanto!) estava tudo na mesma,
a sensação de acordar no tempo em que o infinito era o sol sempre o mesmo.
Uf, um engate contínuo que se pensava morto.

As miudas passavam como manadas incontroláveis e a velha parada à espera que o corropio não a atingisse,..

Tanto reparava nos outros que existem que me fazia a mim própria atingir a hipnose profunda do sono.
Era só um dia a mais à espera de adormecer e ver entretanto a sexta-feira acesa no calendário..
A muda de roupa já nem fazia sentido, era sempre o mesmo dia,
o calendário imaginava-se jogar bingo, com 30 ou 31 numeros tanto faz nunca ganhou nada.

Acho que já nem acordava, reacordava, oito anos nisto, brutalmente espancada pelo Tempo que se ri agora com tanta bebedeira mal paga..,
a Terra Prometida era mais longe agora.
Todos os dias a pensar se valia a pena o Tempo recuar e resolver aqueles problemas aritméticos existenciais......
Ooh, se valia... Matava por isso.
Afinal era essa a sua vocação,
do Tempo quero eu dizer..
Ser pensado como senhor de todos os destinos
e que sorte tem ele, nunca poderá recuar ou escolher o seu próprio..,
sempre em frente, onde é o futuro(?), não há conflitos, não há democracia ou direito à greve.

E eu presa a ele como cabelo molhado e maltratado pela tempestade que não passará.
O tempo é jamais obsoleto ao Mundo

Ana Precisa